Inundação de microplástico nas praias portuguesas e galegas

Após um cargueiro ter perdido toneladas de minúsculas bolas de plástico, estas agora estão a dar à costa em águas portuguesas e espanholas. Fique aqui a saber mais sobre este assunto!

Pellets
Norte de Portugal e Espanha em estado de alerta por contaminação marinha devido ao derrame de microplásticos que estão a chegar às suas costas.

Um cargueiro, em dezembro de 2022, a cerca de 80 quilómetros de Viana do Castelo, perdeu 6 contentores com mais de mil sacos com 26,2 toneladas de pellets, que estão a dar à costa no norte de Espanha e Portugal, sobretudo, desde o início deste novo ano.

Estes eram transportados pelo navio Toconao, registado na Libéria e que trabalhava para a empresa de transportes Maersk. O fabricante dos pellets é a Bedeko Europe.

As pellets são pequenas bolinhas utilizadas no fabrico de tecidos, de garrafas de água ou sacos de plástico. Contudo, são um dos tipos de plástico que polui os mares e rios de todo o mundo, estimando-se, segundo a agência Reuters, que a cada ano 10 biliões de pellets de plástico contaminem os ecossistemas marinhos.

Remoção do plástico minúsculo

Após ter sido detetada uma inundação de microplásticos no mar, Espanha decidiu subir o nível de alerta na costa da Galiza e das Astúrias, tendo sido ativado o plano territorial de contingência por contaminação acidental.

Ação de limpeza
A associação Zero alerta ser impossível recolher todo o plástico que deu à costa em Espanha, em toneladas de minúsculas bolas que rapidamente se espalham no ambiente, chegando depois à cadeia alimentar humana.

De acordo com Ángeles Vázquez, conselheira do Meio Ambiente da Galiza, 300 pessoas integram as equipas de limpeza da costa, a que se juntaram voluntários e trabalhadores de municípios.

Até ao momento, as equipas de limpeza espalhadas por dezenas de praias galegas recolheram o equivalente a 70,7 dos sacos caídos ao mar, que tinham cada um 25 quilograma de pellets.

“Todas as análises e relatórios pedidos indicam que os pellets são plástico comum, usado na indústria, e não são perigosos, embora representem um perigo ambiental, como todos os plásticos, que não são biodegradáveis."

Ángeles Vázquez

Segundo Maria Jesus Montero, vice-primeira-ministra de Espanha, o governo encontra-se preocupado com as consequências do sucedido, mas ainda não é conhecido o impacto nas pescas, assim como ainda não se registaram alertas de peixes nem de aves afetadas nos centros de recuperação de fauna locais.

Também em Portugal a Autoridade Marítima Nacional (AMN) preparou um plano de ação, envolvendo várias entidades, para a remoção dos objetos.

Através do plano Mar Limpo já se removeu cerca de 400 pellets de várias praias entre Caminha e Aveiro.

Segundo a AMN foram detetados grãos de plástico pelos elementos do Comando-local da Polícia Marítima da Póvoa do Varzim, nas praias da Estela, da Aguçadoura e do Quião, bem como uma quantidade reduzida por um popular, entre as praias Madalena e Valadares, no concelho de Vila Nova de Gaia, na área de jurisdição da Capitania do Douro.

Foram ainda removidos cerca de 50 pellets na área de jurisdição da Capitania de Aveiro, não tendo sido detetada qualquer presença do material na zona de jurisdição da Capitania da Figueira da Foz.

O Instituto Hidrográfico da Marinha Portuguesa, continua a monitorizar, através de cálculos, a constante da deriva dos pellets, não se verificando até ao momento probabilidade de aparecimento de grandes quantidades do material na costa portuguesa.