Incêndios florestais fustigam a Sibéria

A região russa da Sibéria está nesta altura a sofrer os efeitos de uma série de incêndios florestais. Ao mesmo tempo que o país luta contra a pandemia de COVID-19, multiplicam-se os esforços para controlar esta situação, num vasto território. Contamos-lhe mais aqui!

Incêndios na Sibéria
Incêndios florestais dizimam vastas áreas na Sibéria.

Desde o início do ano, a Rússia tem sido fustigada por uma série de incêndios florestais que têm afetado com especial intensidade algumas regiões siberianas, bem como áreas do extremo oriente, junto à fronteira com a Mongólia. A época de incêndios, tal como tem acontecido nos últimos anos, antecipou-se: o primeiro incêndio de grandes dimensões foi registado logo nos primeiros dias de janeiro deste ano, numa das Repúblicas do Cáucaso do Norte, que integram a Federação Russa.

As autoridades russas estimam que, nos últimos quatro meses, a área ardida tenha aumentado entre os 50% e os 200%, em relação ao mesmo período de 2019. Na região siberiana de Krasnoyarsk, a área ardida é dez vezes superior ao último ano, e nas regiões de Amur e Zabaikalie também se registaram aumentos significativos na área ardida. O Ministro da Defesa Civil, Emergência e Eliminação das Consequências dos Desastres Naturais da Federação Russa afirmou que desde o início do ano se registaram cerca de 450 focos de incêndio que afetaram uma superfície aproximada de 475 mil hectares.

As autoridades russas estimam que, nos últimos quatro meses, a área ardida tenha aumentado entre os 50% e os 200%, em relação ao mesmo período de 2019.

As principais causas apontadas para o aumento da ocorrência destes eventos, são as queimadas de prados secos. Estas queimadas, levadas a cabo por pequenos agricultores, entidades públicas e privadas, descontrolam-se rapidamente devido às características do solo e da circulação geral da atmosfera. Foram registadas mais de 33 mil queimadas desde o início do ano. Os solos apresentam-se secos devido à crónica falta de precipitação e o ar, que é extremamente seco, apresenta pouca humidade relativa, principalmente devido ao fator continentalidade. Este fator consiste no afastamento das áreas referidas em relação às grandes massas de água (oceanos).

O combate aos incêndios durante este ano

Nos próximos meses espera-se um agravamento desta situação. As autoridades meteorológicas da Federação Russa acreditam que o próximo Verão será muito seco e irá registar valores recorde de temperaturas máximas. A previsão governamental aponta para um Verão que “será um dos mais quentes, senão o mais quente” alguma vez registado no país.

Depois de no ano de 2019 os incêndios florestais na Rússia terem dizimado mais de 10 milhões de hectares, cerca de 1% do total da área florestal, foram anunciadas algumas medidas de combate e mitigação. No combate aos incêndios do ano passado, apesar de ter envolvido inúmeras entidades, incluindo o Exército, o poder central optou por uma política de proteger apenas as áreas habitadas, deixando o fogo desenvolver-se livremente nas áreas mais remotas. Este ano, apesar de terem sido adotadas algumas medidas de prevenção, o número de incêndios continua a aumentar.

Num país que está a ser cada vez mais fustigado pela pandemia do novo coronavírus, onde já se registam mais de 87 mil casos de infeção e cerca de 1000 vítimas mortais, a questão dos incêndios florestais não deve ser posta de parte. É inegável que estes fenómenos têm efeitos adversos no clima, na agricultura e na biodiversidade daquelas áreas. Apesar do problema de saúde pública que se verifica é essencial continuar a apostar na mitigação dos incêndios.