Impacto devastador de um evento de branqueamento, em 2024, da Grande Barreira de Coral da Austrália
Após 2024, ano dos piores eventos de branqueamento em quase quatro décadas, partes da Grande Barreira de Coral sofreram o maior declínio anual na cobertura de corais vivos.

O stress térmico causado pelas alterações climáticas tem provocado eventos de branqueamento em massa na Grande Barreira de Coral, agravados pela ocorrência de ciclones, inundações e surtos de estrelas-do-mar-coroa-de-espinhos.
Estado atual da Grande Barreira de Coral na Austrália
A Grande Barreira de Coral, localizada na costa nordeste da Austrália, é o maior sistema de recifes de corais vivos do mundo e um dos ecossistemas com maior biodiversidade do planeta.
Estendendo-se por 2.400 km ao largo da costa de Queensland, é composto por milhares de recifes individuais e centenas de ilhas formadas por mais de 600 tipos de corais duros e moles.
O branqueamento dos corais é uma resposta ao stress térmico, na qual os corais expelem as algas que lhes dão cor e energia, ficando brancos porque a água em que vivem está demasiado quente e correndo o risco de morrer se as condições não melhorarem.
Para avaliar o impacto do evento de branqueamento de 2024, foram realizadas pesquisas específicas na água durante e após o pico do branqueamento.
Após o estudo de 124 recifes de coral entre agosto de 2024 e maio de 2025, o Instituto Australiano de Ciência Marinha (AIMS), divulgou recentemente um relatório onde apresenta o estado, percentagem de cobertura de corais, dos recifes nas três regiões, Norte, Centro e Sul, da Grande Barreira de Coral, após o evento de branqueamento em massa de corais de 2024.
De acordo com o Relatório, duas das três áreas estudadas e monitorizadas pelos cientistas desde 1986 sofreram perdas de corais neste último período, desde agosto de 2024 e maio de 2025.

O verão de 2024 trouxe vários fatores de stress para a Grande Barreira de Coral, além da subida da temperatura do Pacífico, há a referir os ciclones, inundações e estrelas-do-mar-coroa-de-espinhos, mas o evento de branqueamento em massa dos corais foi a principal causa da mortalidade dos corais.
Em 2025, 48% dos recifes investigados sofreram um declínio na percentagem de cobertura de corais, 42% não apresentaram nenhuma mudança líquida e apenas 10% tiveram um aumento. Os recifes com cobertura de corais estável ou em aumento estavam predominantemente localizados na parte Central.
Na sequência do último evento de branqueamento em massa em 2024, levantamentos aéreos mostraram que cerca de três quartos dos 1.080 recifes avaliados apresentavam branqueamento e em 40% desses recifes, mais da metade dos corais ficaram brancos.
O futuro da Grande Barreira de Coral
Segundo o Relatório, os resultados da investigação demonstram que a Grande Barreira de Coral está sob forte pressão cumulativa e que os ganhos de cobertura de corais nos últimos anos foram revertidos durante o verão de 2024.
Esta reversão foi antecipada no ano passado, uma vez que muitas espécies de corais são altamente vulneráveis ao stress elevado, aos danos causados pelas ondas, muitas vezes devido aos ciclones tropicais, e à predação pela estrela-do-mar-coroa-de-espinhos, fatores que continuam a afetar a Grande Barreira de Coral.

Ainda é possível encontrar áreas que ainda parecem normais num ecossistema tão grande, como a Grande Barreira de Coral, no entanto isso não significa que a média de corais em grande escala não tenha caído.
Esta instabilidade apresentada, com recordes de cobertura de corais que rapidamente se transformam em quedas recorde, é a verdadeira preocupação dos cientistas.
Apesar das perdas significativas, o AIMS indica que a Grande Barreira de Corais ainda tem mais corais do que muitos outros recifes em todo o mundo, como é o caso nas Caraíbas, onde a mortalidade foi elevada em quase todos os recifes e atualmente restam muito poucos corais.
A Grande Barreira de Corais tinha uma cobertura de corais recorde antes do evento de 2024 e saiu-se relativamente melhor do que outros locais do globo devido ao seu tamanho, à variedade de habitats interligados e à amplitude dos níveis de stress térmico experimentados por diferentes regiões.