Horário de verão: não se esqueça, a hora muda no próximo domingo!

Estamos muito perto de voltar a alterar os relógios, para um horário muito apreciado pelos portugueses. Será que esta mudança se vai manter ou voltaremos, no outono, a mexer nos ponteiros? Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Relógio primaveril.
A mudança do horário de inverno para o de verão ocorre junto ao equinócio de março, altura em que os raios solares começam a incidir de forma mais direta no hemisfério Norte, marcando igualmente o início da primavera.

Na madrugada do próximo domingo, 27 de março, os relógios vão voltar a avançar uma hora, ou seja, à 01:00 da manhã os relógios passam a marcar 02:00, marcando o início do horário de verão. A última mudança ocorreu no passado 31 de outubro de 2021, madrugada em que os relógios atrasaram uma hora (às 02:00 os relógios voltaram à 01:00), tendo-se então iniciado o horário de inverno.

Será a mudança da hora, para o regime de verão quando o dia natural é maior e para o regime de inverno quando acontece o oposto, uma forma das famílias pouparem um pouco na sua fatura energética?

Entre o corrente ano civil e o ano de 2026, a Comissão Europeia (CE) já estipulou todas as datas em que se verificará a mudança da hora, tendo informado os cidadãos europeu através do Jornal Oficial da União Europeia. Assim, o horário de verão vai iniciar-se à 01:00 da manhã de domingo, que vai variar entre os dias 26 e 31 de março, tendo o seu fim à mesma hora, no mesmo dia da semana, entre os dias 25 e 30 de outubro.

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Ponto da situação: continuaremos a mudar a hora ou não?

Desde 2018 que há uma proposta a nível europeu para abolir a mudança da hora sazonal. A CE propôs, o Parlamente Europeu (PE) discutiu, mas as divergências entre os 27 Estados-membros impediram um acordo. Com o surgimento da crise pandémica o assunto foi esquecido, sendo que Portugal já assumiu uma posição clara: defesa da alternância entre o horário de verão e o de inverno, todos os anos.

Numa consulta pública desenvolvida em 2018, cerca de 84% dos cidadãos europeus eram favoráveis ao fim da mudança de hora em março e outubro de cada ano. Assim, em 2019 os eurodeputados votaram favoravelmente a proposta da CE que esbarrou na falta de entendimento entre países no Conselho Europeu que também é parte integrante do processo de legislar na “máquina” da União.

Assim, se a decisão dependesse apenas da CE e do PE, no dia 1 abril de 2020 cada Estado-membro teria que se pronunciar acerca da sua decisão de manter a hora de inverno ou de verão, sendo que o ano de 2021 marcaria o fim das mudanças sazonais de horário – os países que escolhessem o horário de verão mudariam pela última vez em março de 2021 e os que optassem pelo horário de inverno fariam a última mudança em outubro de 2021.

Deste ponto de vista, desde 2018 que o Governo português defende a manutenção da mudança de horário, posição sustentada nas recomendações de um relatório elaborado pelo Observatório Astronómico de Lisboa, do mesmo ano. Já a Associação Portuguesa do Sono (APS) defende a abolição da mudança horário, optando pela manutenção no horário de inverno. A APS aponta vantagens do ponto de vista da saúde física e psicológica, bem como um consequente efeito positivo do ponto de vista socioeconómico.

Razões históricas, mas atuais

A alternância entre horários foi implementada pela primeira vez durante a Primeira Guerra Mundial e visava, à data, uma maior poupança de combustível. Atualmente, os defensores da mudança apontam a poupança de energia como o principal fator abonatório à mudança, para além das questões de saúde anteriormente abordadas. O objetivo desta mudança passa por reduzir o consumo global de energia, adaptando o início da jornada laboral à duração aproximada do dia natural.

As principais razões apontadas para continuarmos a tomar esta ação sazonal são, por outro lado, bastante atuais, pois nas últimas semanas, acicatada pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o nosso país, a restante Europa e mesmo um pouco por todo o mundo tem-se vivido uma crise energética sem precedentes.

A tendência de aumento do preço dos combustíveis, que já se verificava desde o início do ano, tomou novas proporções com o conflito armado no Leste da Europa. A par com os combustíveis, a energia elétrica também vai aumentar de preço, havendo já registo de unidades fabris praticamente paradas porque, por um lado, faltam matérias-primas (devido à crise pandémica) e, por outro, a fatura energética é incomportável.

Esta “bola de neve” está a provocar uma inflação muito acima do esperado tendo consequências na vida das famílias portuguesas. Será a mudança da hora, para o regime de verão quando o dia natural é maior e para o regime de inverno quando acontece o oposto, uma forma das famílias pouparem um pouco na sua fatura energética?

Em todo o mundo, cerca de 70 países alternam entre o horário de verão e o horário de inverno. Há, contudo, a salientar um país relevante no panorama internacional, do ponto de vista das indústrias e do comércio, que não se rege por estas mudanças de horário: o Japão.