Efeito Fujiwhara: o fenómeno que potencia ciclones ocorreu no Índico

Foi detetado, na última semana, o fenómeno que tem o potencial de unir dois ciclones ou de potenciar o crescimento de um ciclone, aumentando o perigo para infraestruturas, atividades económicas e população. Fique a saber mais sobre o efeito Fujiwhara, connosco!

Ciclone Amphan.
Imagem do Ciclone Amphan a dirigir-se para a Índia, em 2020, sendo ainda possível visualizar a Este e a Sul do evento principal, áreas de interesse, onde se verificava alguma instabilidade meteorológica.

O satélite “Himawari-8”, da Agência Meteorológica do Japão (JMA, na sigla em inglês), captou, no passado dia 25 de fevereiro uma imagem no espectro do infravermelho, ilustrativa do efeito Fujiwhara (ou Fujiwara). Este fenómeno, que ocorreu entre os dias 25 e 27 de fevereiro, relacionou a Tropical Invest 93S e o Ciclone Vernon.

O efeito Fujiwhara foi descoberto pelo meteorologista japonês Sakuhei Fujiwhara e também é conhecido por interação binária. Esta situação acontece quando dois vórtices ciclónicos próximos se movem um ao redor do outro, ambos no sentido dos ponteiros do relógio, diminuindo desta forma a distância de circulação do ar entre os seus centros de baixas pressões. Normalmente, dois ciclones tropicais interagem entre si quando estão a uma distância de 1400 km, em média.

O trajeto deste ciclone vai continuar sobre o Oceano Índico, portanto, sem afetar diretamente territórios habitados, infraestruturas e atividades económicas.

A designação de Tropical Invest aplica-se, no campo da meteorologia, a uma área de interesse, uma área que merece a atenção e o estudo dos meteorologistas, pois há a possibilidade da ocorrência de um ciclone tropical. O termo “Invest” é, de resto, uma abreviatura para designar “investigative area”. Segundo uma classificação utilizada internacionalmente, a letra “S” serve para localizar a área onde a possível tempestade ocorra, ou seja, neste caso o “S” refere-se à região Sudoeste do Oceano Índico e à área mais Ocidental da Austrália.

Com o avançar dos dias, o Tropical Invest 93S acabou por ser absorvido pelo Ciclone Vernon. À medida que a absorção se desenrolou, o ciclone foi perdendo força e atingiu o pico da sua intensidade no dia 26 de fevereiro, a Categoria 3.

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Evolução do Ciclone Vernon

O Ciclone Vernon registou nos últimos dias ventos sustentados na ordem dos 100 km/h, estando previsto que durante o dia de hoje, a velocidade do vento atinja os 83 km/h. O trajeto deste ciclone vai continuar sobre o Oceano Índico, portanto, sem afetar diretamente territórios habitados, infraestruturas e atividades económicas.

De forma indireta sabe-se que foi e continuará a ser responsável por alguma instabilidade do estado do tempo na pequena nação insular das Maurícias. Este Arquipélago, localizado a Leste de Madagáscar e do continente africano, experimentou nos últimos dias períodos de chuva intensa e trovoada devido à relativa proximidade do território a este sistema depressionário.

A temporada de ciclones no Sul do Oceano Índico desenrola-se normalmente entre os meses de novembro e abril de cada ano. Excecionalmente, em 2022, a primeira grande tempestade da temporada (Ciclone Ana) ocorreu apenas a 20 de janeiro, data que marcou o recorde de início mais tardio desta temporada de ciclones.

Já o ciclone mais poderoso até agora foi o segundo na lista, denominado Batsirai, que se formou a 24 de janeiro e acabou por afetar severamente a ilha de Madagáscar e Moçambique.