China bate recordes de temperaturas negativas, depois de um verão tórrido

O gigante asiático enfrentou nos últimos dias temperaturas arrepiantemente baixas que ajudaram a quebrar recordes um pouco por todo o país. Tudo isto depois de um verão que também ficou marcado por temperaturas históricas. Veja os pormenores aqui!

temperaturas baixas
O território chinês tem vivido temperaturas extremamente baixas que têm feito cair recordes com mais e meio século.

O território chinês tem sido afetado por uma forte vaga de frio, resultado de uma massa de ar polar que desceu do Ártico até aquele país asiático. Vários recordes foram batidos nos últimos dias, neste que é já o mês de dezembro mais frio de sempre.

A vaga de frio afetou várias províncias em toda a China. O norte e o nordeste do país foram as regiões mais afetadas, estando a experienciar temperaturas particularmente frias nas últimas cerca de duas semanas e meia, com algumas áreas a atingir mínimas perto dos 40º C negativos.

O Centro Meteorológico Nacional chinês registou temperaturas recordes para dezembro em cerca de 78 estações meteorológicas. Em 12 estações de observação em Shanxi, Hebei, Mongólia Interior, Hunan e outras áreas, as temperaturas mais baixas excederam os extremos históricos desde a sua criação. As temperaturas médias regionais para este período no Norte da China, Nordeste da China e Mongólia Interior são as mais baixas desde 1961.

O frio é tanto que quebrou um recorde de 70 anos

Uma estação meteorológica em Pequim registou mais de 300 horas de temperaturas negativas em menos de duas semanas, o maior número para o mês desde que os registos começaram em 1951, de acordo com o Beijing Daily. A capital também suportou nove dias consecutivos de temperaturas abaixo de 10 graus negativos neste período, segundo a mesma fonte.

A vaga de frio deixou uma marca impressionante em Hohhot, capital da região norte da Mongólia Interior, onde uma leitura de -29,1º C fez cair um recorde de quase 70 anos. Em Datong, no norte do país, foram registados -33,2º C a 20 de dezembro.

Já em 19 de dezembro, a temperatura mínima diária na cidade de Tulihe, na Mongólia Interior, caiu para -45° C, marcando a temperatura mais baixa registada em todo o país durante este período de intenso frio.

A região da península de Shandong, a sul de Pequim, sofreu um forte nevão, com a profundidade da neve acumulada na cidade de Wendeng, distrito de Weihai, a atingir os 74 centímetros, superando a profundidade histórica de neve extrema para esta província, definida em 2005. Em Yantai a profundidade máxima de neve atingiu mais de 50 centímetros, também a máxima histórica.

Este cenário forçou o encerramento de várias escolas e estradas e causou constrangimentos em vários serviços, como os transportes e em infraestruturas críticas, como o abastecimento de energia.

A sudoeste de Pequim, na província de Henan, várias cidades tiveram dificuldades para satisfazer as necessidades de aquecimento. As caldeiras de aquecimento de um dos principais fornecedores da cidade de Jiaozuo não resistiram e deixaram algumas áreas com necessidade urgentes de abastecimento, segundo informou a televisão estatal chinesa.

As temperaturas congelantes também proporcionaram dificuldades adicionais aos sobreviventes do terramoto ocorrido a 18 de dezembro, embora muito a oeste, nas províncias de Gansu e Qinghai.

O número de mortos no terramoto de magnitude 6,2 aumentou para 149, segundo os mais recentes dados. Dezenas de milhares de pessoas necessitaram de unidades habitacionais temporárias em temperaturas congelantes, depois das suas próprias casas sofrerem danos.

Nos últimos dias, o território chinês tem registado uma tendência de aquecimento gradual, o que fez com que o Centro Meteorológico Nacional levantasse o alerta de tempo frio, sinalizando o fim das condições mais graves de frio que assolaram o país. A previsão meteorológica aponta, ainda assim, para que se façam sentir, a 1 de janeiro, temperaturas mínimas de -9º C em Pequim e -28º C em Harbin, capital da província de Heilongjiang.

Sentimentos de um mundo um alteração?

Devido aos efeitos combinados do aumento das temperaturas globais, do aumento das emissões de gases com efeito de estufa, da redução do gelo do Ártico e dos vórtices polares instáveis, a temperatura média do inverno no gigante asiático está a aumentar. No entanto, a probabilidade de ocorrência de extremos de vagas de frio não diminuiu, e o seu alcance de impacto, crê-se que se venha a expandir.

Vale lembrar que o aquecimento global e a ocorrência de ondas de frio extremo não se contradizem, uma vez que o aquecimento global é uma tendência de longo prazo e, dentro desta tendência, os invernos frios e os invernos quentes são flutuações interanuais, e as ondas de frio recordes são eventos extremos.

Considerando o impacto do El Niño, a probabilidade de ocorrência de eventos climáticos anormais ou extremos na China é significativamente maior do que num ano normal. Isto não afetou apenas a atual temporada de inverno, mas também incluiu as temporadas de primavera e verão em 2024.

Recorde-se que a China já este ano viveu condições de temperaturas extremas, mas de calor, há seis meses, quando os termómetros registaram 52,2º C. A intensa onda de calor fez com que 71 estações meteorológicas em toda a China registassem temperaturas recordes.

O ano de 2023 ficará na memória dos chineses pelas piores razões. O gigante asiático enfrentou uma torrente implacável de fenómenos extremos, desde o calor abrasador recorde às inundações inéditas, cenas de devastação e miséria um pouco por todo o seu território causadas pela chuva e por terramotos e, como vimos, recordes de frio extremo.