Chile conhece incêndios dos mais mortíferos do século, balanço mais recente aponta para mais de 130 mortes

Os fortes incêndios que continuam a assolar o Chile deixaram um rasto de devastação e tragédia que ficará para sempre marcado na história daquele país, habituado a eventos extremos. Veja as mais recentes atualizações!

Os graves incêndios ocorridos nos últimos dias no Chile causaram uma imensa devastação e tragédia naquele país da América Latina. Os mais recentes dados apontam para um número total de vítimas mortais superior a 130 pessoas, várias centenas de feridos e desaparecidos, um universo entre 3.000 a 6.000 habitações afetadas (estima-se que vá além das 15 mil), e mais de 56 mil hectares calcinados pelo fogo.

O elevado número de vítimas tem causado constrangimentos na identificação de cadáveres, por parte do Serviço Médico Legal chileno. Estes problemas terão tendência a manter-se, uma vez que centenas de pessoas continuam ainda desaparecidas, o que faz prever que o número de mortos aumente.

A situação é de tal forma angustiante que o Ministério da Saúde lançou um alerta sanitário na região de Valparaíso, tendo sido suspensas as cirurgias não urgentes e decretada a criação de hospitais de campanha temporários.

Foi declarado Estado de Exceção Constitucional de Catástrofe nas províncias de Marga Marga e Valparaíso, na região de Valparaíso. Estão ainda proibidas reuniões com mais de 50 pessoas nas comunidades de Quilpué e Villa Alemana, também na região de Valparaíso. Foram ainda anunciados dois dias de luto nacional em honra das vítimas destes trágicos eventos.

Ainda se mantém ativo o recolher obrigatório vigente para as comunidades de Viña del Mar, Quilpué, Villa Alemana e Limache.

O Chile é um país habituado a este tipo de fenómenos. A imagem mostra um incêndio ocorrido na comuna de Angol, na região de Bio-Bio.

Até às 12 horas locais (15h em Portugal Continental) do dia de hoje, terça-feira, 6 de fevereiro, o país contava com 165 ocorrências de incêndio ativas, das quais 31 ainda em curso, ou seja, por controlar, segundo dados da CONAF (Corporação Nacional Florestal do Chile). A maioria acontece no centro-sul do país, sendo a IX região chilena de Araucanía a mais afetada em número de incêndios, com 68 eventos registados.

A situação mais grave acontece na V região chilena de Valparaíso, onde as autoridades chilenas estimam, oficialmente, terem ardido praticamente 10 mil hectares, entre vários focos de incêndio. Dos 12 incêndios que o SENAPRED (Serviço Nacional de Prevenção e Resposta a Desastres do Chile) considera como de maior magnitude, 8 estão ainda por controlar, nas regiões de Valparaíso, O’ Higgins, Araucanía e Los Lagos.

O mais relevante destes incêndios, que afeta as comunidades de Valparaíso e Viña del Mar, consumiu até ao momento mais de 8 mil hectares. Este evento encontra-se, segundo a mais recente atualização, ativo em todos seus setores com intensidade baixa e com pequenos pontos quentes no interior da área queimada e sem propagação.

Uma tragédia nacional sem precedentes

Esta tragédia nacional foi já considerada pelo presidente chileno Gabriel Boric a pior desde que em 2010 um terramoto de magnitude 8,8 seguido de um tsunami, deixou mais de 500 mortos, em 27 de fevereiro daquele ano.

Na última década, os incêndios florestais no Chile consumiram quase 1,7 milhões de hectares. Este é um país habituado a este tipo de fenómenos. Muitos foram já os eventos mortíferos ocorridos neste país. Em 2017 um conjunto de incêndios queimou mais de 500 mil hectares em todo o país, deixando povoados como o de Santa Olga completamente destruídos.

Segundo as estatísticas do EM-DAT, a base de dados internacionais de desastres, estes incêndios são os mais mortíferos registados na história do hemisfério sul e os quintos mais mortíferos a nível mundial desde 1900.

O evento ocorre enquanto o Chile vive uma onda de calor sem precedentes desde a semana passada, com temperaturas próximas de 40 °C. Nesta zona de clima mediterrânico, a pouca humidade, os ventos fortes e as altas temperaturas terão contribuído para a dimensão da tragédia.

Esta tragédia tem feito soar alarmes, uma vez que muitos municípios e regiões ainda não se conseguiram adaptar a uma alteração legislativa em matéria de redução do risco de desastres que conta já com 2 anos de existência, deixando por aprovar planos de redução do risco de desastres e planos e emergência e resposta a desastres, que são obrigatórios.