Tragédia no Chile: incêndios devastadores causam mais de cem mortos

Os incêndios devastadores deixam um rasto de destruição no Chile, com mais de 100 mortos e centenas de desaparecidos, colocando à prova a capacidade de resgate e a mobilização e apoio nacional e internacional.

incêndios Chile
Incêndios em áreas de interface urbano-rural colocam o Chile em luto, numa das piores tragédias do país após o terramoto de 2010.

Os incêndios ocorridos em áreas de interface urbano-rural, há vários dias, no Chile têm deixado um rastro de destruição e luto, com as autoridades a confirmarem até ao momento a morte de pelo menos 112 pessoas. A região em torno de Viña del Mar foi particularmente atingida, destacando-se um jardim botânico consumido pelas chamas e milhares de pessoas que perderam as suas habitações e bens pessoais.

Esforços de resgate intensificam-se para responder ao maior desastre da última década no Chile

Os incêndios, que começaram em áreas de floresta e bosques de difícil acesso, rapidamente atingiram áreas densamente povoadas na periferia de Viña del Mar, impedindo que muito indivíduos abandonassem as suas habitações. Tal situação desencadeou a procura de sobreviventes junto das autoridades locais. Até ao momento, aproximadamente 200 pessoas estão desaparecidas, enquanto muitos outros ficaram gravemente feridos e foram hospitalizados em estado crítico.

O presidente chileno, Gabriel Boric, declarou dois dias de luto nacional em resposta à tragédia e reconheceu o sofrimento que assola o país. Numa visita à comunidade de Quilpué, igualmente afetada pelos incêndios, Boric expressou a sua solidariedade com as comunidades atingidas e prometeu o apoio do governo para as operações de resgate e reconstrução.

Há algumas preocupações sobre o número de mortos ainda por apurar e que este possa aumentar durante as operações de resgate. O governante da região de Valparaíso, Rodrigo Mundaca, levantou a possibilidade de que alguns dos incêndios possam ter sido provocados intencionalmente, afirmando a necessidade de uma investigação que determine as causas exatas.

Condições meteorológicas adversas justificam o maior desastre do Chile depois do terramoto de 2010

As condições meteorológicas adversas, onde se incluem as temperaturas excecionalmente altas para esta época do ano, a baixa humidade e os ventos velozes, têm dificultado os esforços de combate aos incêndios, na mesma medida em que os residentes são alertados para a necessidade de evacuar as áreas afetadas o mais rápido possível. Já foram também implementados toques de recolher em várias cidades para evitar saques e facilitar o trabalho das equipas de emergência.

Os incêndios ocorrem durante uma onda de calor sem precedentes na história do Chile, na região central do país, sofrendo o efeito conjugado do padrão climático do El Niño dos últimos meses. Note-se que este padrão climático-meteorológico intensificou a seca e aumentou o risco de incêndios florestais na América do Sul. A comunidade internacional está a mobilizar os esforços para garantir a assistência humanitária e o apoio às vítimas e às respetivas famílias.

A solidariedade e a resiliência com o povo chileno são já manifestadas de diversas formas e as autoridades nacionais e organizações internacionais continuam a coordenar os esforços de resposta.

Os esforços de resgate prosseguem e o Chile volta-se para a reconstrução e recuperação, na tentativa de restabelecer as condições normais rapidamente e recuperar parte do que foi perdido neste momento de profunda dor e tristeza.