Cheias na África do Sul provocaram mais de 400 mortes

Ocorreram recentemente na África do Sul chuvas torrenciais que causaram centenas de mortes e destruição na costa oriental do país. As inundações estavam previstas mas não houve emissão de alerta vermelho. Confira as causas da catástrofe.

Cheias
Chuvas fortes e persistentes podem provocar cheias que afetam um elevado número de pessoas.

As chuvas torrenciais que atingiram a província de KwaZulu-Natal, na costa sudeste da África do Sul, foram as mais fortes registadas desde há 60 anos naquela província.

Impactos das chuvas torrenciais

As chuvas torrenciais provocaram inundações e deslizamentos de terras mortíferos, matando mais de 400 pessoas. Além das vidas perdidas, os prejuízos são de biliões de rands.

O maior número de vítimas foi registado na região de Durban, cidade portuária com 3,5 milhões de habitantes, cujo porto ficou parcialmente destruído.

Mais de 250 escolas foram afetadas, quase quatro mil casas arrasadas e mais de 13.500 danificadas. Também muitos hospitais foram danificados.

Deslizamentos de terras
Os deslizamentos de terras são muitas vezes consequência de chuvas fortes e persistentes na região, que podem causar efeitos devastadores.

Segundo Mark New, diretor da Iniciativa Africana de Clima e Desenvolvimento (ACDI) da Universidade da Cidade do Cabo (UCT), a chuva que em média cai num mês registou-se ao longo de um ou dois dias e poderá ser um evento que ocorre uma vez em cem anos.

Segundo o Serviço Meteorológico da África do Sul, esta tempestade, uma das piores tempestades da história da África do Sul, não teve origem em nenhuma tempestade tropical, mas sim numa zona de baixa pressão, que se separou do fluxo de ar frio em deslocamento para oeste, e se deslocou para norte em direção à África do Sul.

Esta depressão permaneceu quase estacionária durante dias na mesma região e, sendo reforçada pelo ar carregado de humidade do oceano Índico Sudoeste, deu origem a precipitação excecionalmente intensa.

Causas da catástrofe

Mesmo tratando-se de chuvas torrenciais, os desastres naturais podem ser mitigados desde que se tomem ações atempadas para diminuir o impacto dos fenómenos extremos.

Neste caso, o Serviço Meteorológico da África do Sul previu inundações com mais de 24 horas de antecedência, mas não emitiu um alerta vermelho, o que corresponde ao nível máximo de severidade de impacto. Em vez de alerta vermelho, foi emitido um alerta laranja que representa um alerta para uma probabilidade média de impactos graves, incluindo a perda de vidas.

População vulnerável
As populações que vivem ao longo de encostas íngremes são das populações mais vulneráveis perante um evento extremo de chuva forte

Segundo o Serviço Meteorológico sul-africano, a precipitação excecionalmente intensa que ocorreu excedeu, até mesmo, as expectativas da comunidade meteorológica da África Austral em geral.

Outro fator importante que contribuiu para um elevado número de mortes foi o facto de, na África do Sul, existir um grande número de comunidades a viver em áreas abaixo da linha de inundação, ou ao longo de encostas íngremes onde ocorrem deslizamentos de terra.

As alterações climáticas e os fenómenos extremos

De acordo com alguns cientistas, a costa sudeste de África, costa leste da África do Sul e Moçambique, está a ficar mais vulnerável a tempestades violentas e de grandes proporções, à medida que as emissões de gases com efeito de estufa provocam um aquecimento do oceano Índico. A situação poderá agravar-se de forma dramática nas próximas décadas.

Além disso, o sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental das Alterações Climáticas (IPCC) alertou que o aumento da temperatura do ar a nível global aumentará a frequência e a intensidade de chuvas fortes e inundações no sudeste da África, bem como as velocidades dos ventos das tempestades tropicais e a quantidade de ciclones tropicais de categoria 4-5.