As abelhas são o garante da biodiversidade no planeta. Universidade de Coimbra lança “Guia de Polinizadores de Portugal”
A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra apresenta este sábado, 18 de outubro, na Estufa Tropical do Jardim Botânico, o livro “Guia de Polinizadores de Portugal”. A apresentação arranca às 11h00 e é aberta a toda a comunidade.

O “Guia de Polinizadores de Portugal” é um dos resultados do projeto PolinizAÇÃO, financiado pelo Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente e Energia.
A obra, que é apresentada este sábado, 18 de outubro, na Estufa Tropical do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, surge com o objetivo de inspirar, sensibilizar e envolver todos os cidadãos na conservação dos polinizadores, que são organismos essenciais à vida.
Abelhas, vespas, borboletas, aves e morcegos
As abelhas são os polinizadores mais conhecidos, mas não são os únicos. Eles são agentes que transportam o pólen entre as flores, permitindo, assim, a reprodução das plantas. Podem ser seres vivos (fatores bióticos), como insetos (abelhas, vespas, borboletas), mas também aves e morcegos, ou fatores ambientais (fatores abióticos), como o vento e a água.
Este livro inclui fotografias, na maioria dos casos a mostrar a interação destes organismos com as flores onde estes se alimentam.
O “Guia de Polinizadores de Portugal” apresenta, também, esquemas detalhados que ajudam a reconhecer os diferentes grupos de polinizadores e a identificar detalhes morfológicos úteis.
O investigador assume que o desejo de toda a equipa que esteve na base deste guia é que o livro possa “inspirar a descoberta e a conservação destes organismos”, que são “fundamentais para a biodiversidade, para a nossa alimentação e para a nossa própria sobrevivência”.
Colaboração de mais de 25 investigadores
A obra contou com a colaboração de mais de 25 investigadores e especialistas nacionais em entomologia e botânica.
O evento de lançamento, que tem lugar este sábado, 18 de outubro, na Estufa Tropical do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, conta com a presença de alguns dos autores, que vão partilhar o seu conhecimento e experiência num momento de diálogo aberto com o público, que poderá colocar questões e interagir diretamente.

Carolina Caetano é uma das autoras. É membro do Centro de Ecologia Funcional do Departamento de Ciências da Vida da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra e responsável pela coordenação editorial do livro.
Neste guia, “além de diversos animais polinizadores — desde abelhas às aves e a outros mais surpreendentes —, os leitores podem aprender sobre o fenómeno da polinização.

E podem ainda descobrir formas de ajudar, como, por exemplo, através da ciência cidadã. Carolina Caetano não tem dúvidas: "Precisamos de envolver a sociedade na conservação da natureza, e esta obra é mais um passo nesse sentido".
Declínio preocupante dos polinizadores
A Agência Europeia do Ambiente (AEA) alertou em junho para o "declínio preocupante dos polinizadores selvagens na Europa", destacando a sua importância essencial para os ecossistemas e a produção alimentar.
Num relatório intitulado Protecting and restoring Europe’s wild pollinators and their habitats, a AEA defende que é urgente proteger e restaurar os habitats destes insetos, exigindo medidas coordenadas entre sectores económicos, governos e sociedade.
De acordo com a publicação Protecting and restoring Europe’s wild pollinators and their habitats, cerca de 80% das espécies de culturas agrícolas e flores silvestres na União Europeia dependem da polinização por insetos.
Estima-se, aliás, que o valor económico deste serviço para a agricultura se situe entre os 5 e os 15 mil milhões de euros anuais. Frutas como maçãs, tomates, amêndoas e girassóis dependem fortemente desta interação com a natureza.
No entanto, espécies como abelhas selvagens, moscas-das-flores, borboletas e traças estão em declínio. “Quase 40% das espécies de moscas-das-flores, 20% das borboletas e 9% das abelhas enfrentam risco de extinção”, sublinha a AEA.
Entre as principais ameaças estão a perda de habitats semi-naturais — provocada tanto pela intensificação agrícola como pelo abandono de práticas agrícolas tradicionais —, o uso excessivo de pesticidas, o abate de árvores antigas, a proliferação de espécies invasoras e os efeitos das alterações climáticas.