Abacates e plantas exóticas crescem no quente verão do Reino Unido

Algumas variedades anteriormente consideradas como plantas domésticas estão agora a crescer com sucesso no exterior, enquanto as variedades de jardim tradicionais britânicas lutam para se manter.

Os impactos das variações das estações nas culturas

A Royal Horticultural Society (RHS) prevê que invernos mais húmidos e verões mais quentes e secos, com maior variabilidade de pluviosidade, produzirão condições favoráveis a algumas plantas mais exóticas.

O nosso planeta aqueceu 1.1 ºC desde a Revolução Industrial há cerca de 200 anos. O Reino Unido está a aquecer ligeiramente mais depressa do que o ritmo médio do aumento da temperatura global, de acordo com o Met Office.

Os jardins no norte de Inglaterra estão a sentir os efeitos, incluindo Harlow Carr em Harrogate, que tem sido um jardim subtropical desde 2020.

Este jardim da Royal Horticultural Society tem a curadoria de Russell Watkins, que começou a trabalhar ali há 17 anos. Nessa altura, ele cultivava plantas padrão para o Reino Unido - uma mistura de arbustos resistentes e perenes que vivem durante muitos anos.

Bananas resistentes, várias dálias, e algumas espécies de gengibre estão cada vez mais a sobreviver aos invernos, afirma Watkins, e "a prosperar nos longos períodos de sol que tivemos este ano".

As temperaturas mais elevadas estão a ser sentidas mais a norte do que costumavam ser em resultado das alterações climáticas, segundo o Dr. Mark McCarthy, chefe do Centro Nacional de Informação Climática do Gabinete Met.

Mais a sul, em East Anglia, o limpador de janelas Chris Bower cultiva plantas subtropicais como hobby e tem cultivado com sucesso melancias e figos. Este ano orgulha-se da sua cultura de tâmaras jujubas ou chinesas, dióspiros, e yuzu, um tipo de citrinos.

Com a experiência, ele tem sido capaz de experimentar mais. No entanto, o clima mais seco em East Anglia significa que se deve cultivar plantas que precisam de menos água.

As culturas nas cidades e o problema da água

Nas cidades, o efeito ilha de calor (onde uma cidade experimenta temperaturas muito mais quentes do que as áreas rurais próximas devido às infraestruturas) está, também, a impulsionar o crescimento de frutos exóticos.

Acredita-se que alguns destes são de sementes descartadas que germinaram desde então, e que são mais resistentes do que muitas pessoas pensam. "Os abacates londrinos grandes têm tido mínimos de -10 ºC por curtos períodos, incluindo durante a tempestade 'Besta de Leste' em 2018", explicou Bower.

Alguns grupos, incluindo as comunidades da diáspora, têm vindo a tentar cultivar fruta e vegetais subtropicais e exóticos há muitos anos. A co-fundadora do grupo, Paulette Henry, cultiva estes vegetais há décadas, mas diz que os verões mais quentes os impulsionaram recentemente.

Mas os especialistas advertem também que a continuação de verões quentes e secos, como o verificado este ano, terá um impacto negativo nas culturas, pois todas as plantas precisam de água para crescer e estabelecer-se.