A saúde dos seres humanos poderá ser afectada pelo clima?

Está na altura de redimensionar o paradigma que dá maior relevância aos efeitos dos fenómenos meteorológicos extremos, quando associados a prejuízos materiais, por afectação de infraestruturas e perda de vidas humanas.

Os ambientes climatizados artificialmente interferem no metabolismo humano.

É elementar considerar que, viver com temperaturas elevadas implica alterações nos modos de vida, inclusive nos regimes de horários laborais e da própria vida social, destacando-se a exemplo, a premente utilização de ar condicionado. Num cenário extrapolativo, poderá eventualmente implicar com transformações na própria espécie, assistindo-se a uma artificialização do Homem.

Perante um panorama de oscilações de temperatura demasiado rápidas, o organismo humano não tem capacidade biológica de adaptação em consonância com a necessidade que se impõe, passando a “viver” de forma mais artificializada. Não estamos geneticamente preparados para uma transição tão repentina e iminente. A civilização humana, como espécie, evoluiu ao longo das últimas dezenas de milhares de anos, adaptando-se gradativamente ao meio, assim como, às condições do meio.

Reiterar aqui, que a Revolução Industrial impeliu um outro ritmo à velocidade intrínseca com que os padrões do clima planetário ciclicamente se alteram, e isso, obviamente, tem repercussões no curto, médio e longo prazo, e a diferença para se fazer sentir, reside (cada vez mais) no espaço temporal da existência de uma vida humana.

Começam já a surgir indícios de que o organismo humano não se consegue adaptar a uma transição climática tão célere, e os efeitos que essa condicionante implica na economia mundial, nas condições mínimas de vida garantida e na própria existência de vida, são imensuráveis, considerando o efectivo médico e medicamentoso necessário para fazer face a uma demografia alvo envelhecida. E, é neste âmbito necessário (novamente) considerar que a rapidez com que este processo se dá, está directamente relacionada com a concentração de GEE, que hoje em dia atinge já os 405ppm (dados do último relatório científico), e aqui não esquecer que, a ultima vez que o planeta Terra vivenciou este mesmo valor foi há cerca de 800mil anos!

É óbvio que o planeta teve temperaturas mais elevadas do que as que hoje se registam (wordlwide)

Mas quando isso aconteceu, a nossa espécie não existia! Por isso, evidentemente, como “sistema taxonómico”, nós, os humanos, evoluímos acompanhando a métrica do tempo, mas o clima, no espaço de 250anos encontra-se em tão rápida mudança que não nos permite adaptar, não nos possibilita, temporalmente, harmonizarmo-nos, naturalmente.

Num futuro demasiado próximo, aguardam-nos padrões climáticos cada vez mais inóspitos, e temos de estar minimamente preparados para lidar com as adversidades!

Enfrentaremos, cada vez com maior frequência, dias consecutivos com temperaturas extremas elevadas (e/ou negativas), e existirá por inerência, maior dificuldade a combater as suas consequências, e por isso, a comunidade medica alerta para uma latente possibilidade de reaparecimento de doenças, para as quais não nos encontramos convenientemente preparados, assim como, para o agravamento de patologias associadas a grupos de risco, inerentes ao crescente envelhecimento populacional e à falta de condições térmicas do edificado.

Assim, não se trata somente de encetar uma responsabilização política perante a evidência, mas também, uma premente consciencialização e mobilização pública, em face de reclamar direitos supraconstitucionais dos mais vulneráveis e mais pobres, no âmbito da possibilidade de acesso a métodos de mitigação, a políticas públicas, com planos de contingência, e com o aumento da literacia!