A mudança para uma dieta vegan pode salvar o planeta?

Estudos feitos em 2018 mostraram que, sem o consumo de carne e laticínios, o uso global de terras agrícolas poderia ser reduzido em mais de 75% - uma área equivalente aos EUA, China, UE e Austrália combinados - e ainda alimentar o mundo. Saiba mais aqui!

campo agrícola; agricultura; sustentabilidade
Políticos defendem um encarecimento da carne e dos lacticínios e um preço mais baixo para os vegetais e afins.

O ministro de negócios do Reino Unido, Kwasi Kwarteng, está a considerar uma "dieta vegan completa" para ajudar a combater as alterações climáticas, afirmando que as pessoas precisarão de fazer mudanças no seu estilo de vida, caso o governo queira cumprir a nova meta de redução de emissões em 78%, em relação aos níveis de 1990 até 2035.

A questão que se impõe é: que diferença faria se todos adotássemos uma dieta baseada em vegetais? Os especialistas dizem que mudar a forma como nos alimentamos é imperativo para o futuro do planeta, mas que é necessária a ação do governo.

A literatura sobre o impacto de adotarmos uma dieta vegan varia. Alguns estudos mostram que a escolha de opções vegetarianas só reduziria as emissões de gases com efeito de estufa, por pessoa, em 3%. Outros mostram uma redução nas emissões, por pessoa, de 20 a 30%.

Sustentabilidade

Matthew Harrison, líder da equipa de modelação de sistemas do Tasmanian Institute of Agriculture, afirmou que é importante destacar que as emissões costumam ser vistas como a única métrica de sustentabilidade, contudo, não são. Os impactos nos sistemas agrícolas com a absorção do carbono, acidificação do solo, qualidade da água e serviços ambientais mais amplos também precisam de ser bem considerados.

Em 2018, os cientistas por trás da análise mais abrangente até ao momento, descobriram que evitar carne e laticínios era a única forma de reduzir o impacto ambiental no planeta. Esta análise mostrou que sem o consumo de carne e laticínios, o uso global de terras agrícolas poderia ser reduzido em mais de 75% - uma área equivalente aos EUA, China, União Europeia e Austrália juntos - e ainda alimentar o mundo.

O Dr. Marco Springmann, investigador em Meio Ambiente, Sustentabilidade e Saúde Pública, na Universidade de Oxford, afirma que a grande maioria das emissões se deve a alimentos como carne bovina e laticínios, o que significa que sem alterar as emissões associadas a estes produtos é difícil progredir.

Apesar de ser evidente que uma mudança na nossa alimentação poderá ajudar o planeta a revigorar-se, é certo de que esta mudança não é suficiente para salvar a Terra das alterações climáticas.

“Temos que mudar a forma como comemos”, disse Springmann. Apesar de acrescentar que esta mudança na dieta não significa que o planeta irá ser salvo. É uma coisa necessária, mas não suficiente.