A mudança de horário é um erro? Qual seria a hora ideal?

A mudança da hora é um arranjo que o ser humano inventou para aproveitar melhor a luz solar, mas... será realmente eficaz? É mais complexo do que parece, e aqui explicamos-lhe porquê.

Relógio e folha de outono
No último domingo de outubro chega a temida mudança da hora, e uma vez mais voltaremos ao horário de inverno.

Este mês tem lugar o que muitos de nós consideram, e com razão, ser a pior mudança da hora do ano. No último domingo do mês, em Portugal, teremos de atrasar os relógios das 2 da manhã para a 1. Isto significa que a partir dessa data será noite uma hora mais cedo, motivo pelo qual o novo horário de inverno é tão pouco apreciado.

As duas mudanças de hora que fazemos todos os anos têm como objetivo um melhor aproveitamento das horas de luz de acordo com as nossas atividades. Embora haja alguma controvérsia todos os anos, o Instituto para a Diversificação e Poupança de Energia (IDAE) coloca a poupança de energia em 5%. Pode não nos parecer muito, devido à agitação que provoca, mas para uma economia que não a familiar, as poupanças são importantes.

Há já alguns anos que em cada mudança de hora volta o debate sobre se deve ou não ser cancelado e, em caso afirmativo, com que fuso horário ficaríamos em Portugal. Como já explicámos na Meteored, existe uma proposta, mas ainda não existe nenhuma lei que a especifique.

Como deveríamos medir a hora

As mudanças da hora certificam que a forma como o ser humano estabeleceu a hora não é perfeita. Precisa de ser modificada de vez em quando para adequar as nossas vidas à luz que temos. Além disso, a Terra gira a uma velocidade que não é exatamente à que nós medimos, um facto que causa ainda mais modificações que veremos mais tarde.

Aquela que poderíamos qualificar de hora ideal seria a hora solar. De facto, a hora solar é também chamada, segundo a Associação de Amigos dos Relógios de Sol (AARS) hora solar verdadeira, comum, astronómica ou equinocial e a sua descrição é literalmente a hora real. É a que seria marcada pelo relógio solar de cada lugar. As 12 do meio-dia seria o momento em que o sol está no ponto mais alto do céu, nesse dia, nesse local.

A Terra
O movimento da Terra não coincide exatamente com o dos nossos relógios.

Isto seria perfeito, não seria? A hora real! Qual é o problema? Obviamente, a hora real apenas o é no local onde nos encontramos. Cada pessoa teria como hora real a que fosse marcada pelo seu relógio de sol, e cada relógio de sol situado num lugar diferente marca uma hora diferente. Isto não é de todo prático para duas ou mais pessoas que estejam em lugares diferentes porque a universalidade se perde.

Mais ajustes: os segundos intercalares e os anos bissextos

Como já dissemos anteriormente, os nossos relógios e o nosso calendário são muito bons, mas não são perfeitos. Sabemos o que acontece com os anos bissextos. A cada 4 anos tem de ser acrescentado um dia ao calendário para dar tempo à Terra para completar a sua volta em torno do Sol. Mas este não é o único ajuste.

Também existem os segundos intercalares. De poucos em poucos anos um segundo extra tem de ser acrescentado aos nossos relógios porque a rotação da Terra é um pouco mais lenta do que a forma como dividimos o ano.

Portanto, as mudanças da hora, os anos bissextos, os segundos intercalares... não deixam de ser pequenas imperfeições para ajustar um sistema de medição do tempo que, embora seja bom, não é perfeito.