A desigualdade e a vulnerabilidade às catástrofes são duas faces da mesma moeda

O acesso desigual a serviços deixa as pessoas em maior risco expostas ao perigo de catástrofes, enquanto os impactos das catástrofes agravam as desigualdades e levam as pessoas em maior risco ainda mais para a pobreza.

Catástrofe
As alterações climáticas estão a contribuir para um aumento da frequência e da intensidade dos eventos extremos.

O ano de 2023 tem batido recordes de temperatura e registado recordes de secas, incêndios e inundações em todo o mundo. A pobreza e a desigualdade agravam o impacto destes fenómenos extremos conduzindo a catástrofes maiores.

Catástrofes

São as pessoas com menos recursos que sofrem frequentemente catástrofes mais intensas, em que os impactos dos fenómenos naturais extremos são maiores devido à perda de vidas e bens. Isto deve-se não só ao facto de viverem em locais mais suscetíveis a inundações e secas como, também, de terem menos recursos para lidar com os danos e recuperar dos mesmos.

Estas populações mais vulneráveis, ao sofrerem uma catástrofe, sofrem de forma desproporcional e podem ser levadas ainda mais para a pobreza.

Metade dos países a nível mundial não dispõe de sistemas de alertas antecipados ou precoces adequados e um número ainda menor dispõe de quadros regulamentares para associar os alertas precoces ao planeamento de emergências, à preparação e à ação antecipatória.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), as pessoas em África, no Sul da Ásia, na América do Sul e Central e nos pequenos Estados insulares têm 15 vezes mais probabilidades de morrer devido a catástrofes climáticas.

planeta Terra
Existem áreas no globo que são mais vulneráveis aos efeitos dos fenómenos extremos.

Nos últimos 50 anos, o número de catástrofes registadas aumentou cinco vezes, em parte devido às alterações climáticas induzidas pelo homem, que estão a sobrecarregar o nosso clima. Prevê-se que esta tendência se mantenha.

Segundo a OMM, se não forem tomadas medidas,

o número de catástrofes de média ou grande escala irá atingir 560 por ano (1,5 por dia) até 2030.

Ainda segundo a OMM, a ocorrência de condições meteorológicas extremas e os efeitos das alterações climáticas aumentarão a dificuldade, a incerteza e a complexidade dos esforços de resposta a emergências em todo o mundo.

O que pode ser feito para a redução do risco de catástrofes?

A iniciativa “Alertas precoces para Todos”, projeto liderado pela OMM e outros parceiros, tenta dar respostas à mitigação dos desastres naturais e está a ser implementada num subconjunto inicial de 30 países que são mais vulneráveis a condições meteorológicas extremas e aos impactos das alterações climáticas.

As pessoas que vivem em zonas mais vulneráveis nestes países são pouco culpadas pelas emissões de gases com efeito de estufa, mas estão a suportar as consequências das alterações climáticas daí resultantes.

Comunidades mais vulneráveis
As populações mais vulneráveis são pouco culpadas pelas emissões de gases com efeito de estufa, mas são aquelas que mais sofrem com o impacto dos eventos extremos

O desenvolvimento de infraestruturas, de sistemas de alerta precoce e educação da população são medidas que contribuem para a redução do risco de catástrofes.

Uma distribuição equitativa dos recursos, garantindo o acesso universal a recursos essenciais, incluindo cuidados de saúde, educação e serviços sociais, é essencial para mitigar o impacto dos fenómenos extremos.

Outra medida importante é o envolvimento das comunidades marginalizadas no planeamento de catástrofes e nos processos de tomada de decisões e de recuperação, o que permite articular as necessidades e preocupações das comunidades.

É fundamental defender políticas que respondam às necessidades específicas das populações vulneráveis durante e após as catástrofes, tais como habitação a preços acessíveis, formação profissional e prestação de cuidados de saúde.