Verão começa com o fim do episódio de calor e semana inicia com instabilidade atmosférica no São João

A partir de segunda-feira, uma depressão em altitude deverá instalar instabilidade significativa sobre o território continental, com possibilidade de aguaceiros fortes e trovoadas em especial no Norte e Centro. O São João poderá, assim, ser marcado por um ambiente mais fresco, húmido e instável.
O início oficial do verão, este sábado, 21 de junho de 2025, traz uma mudança clara no panorama meteorológico nacional. A descida generalizada das temperaturas coloca um ponto final no episódio de calor que afetou vastas regiões do território durante a última semana, especialmente as áreas do litoral e os vales de transição, como o do Mondego.
A influência do vento de Norte, agora mais presente, contribui para uma sensação térmica mais fresca e para o alívio da população após dias sucessivos de desconforto térmico. No entanto, o interior centro e sul mantém-se como exceção, com algumas localidades a registarem o sétimo dia consecutivo de temperaturas acima dos 32 °C, o que configura tecnicamente a continuidade da onda de calor nessas áreas.
Instabilidade à vista: trovoadas e aguaceiros podem marcar o São João no Norte e Centro do país
No domingo, o padrão atmosférico mantém-se estável. O céu deverá apresentar-se pouco nublado, com alguma nebulosidade matinal no litoral e presença de nuvens altas ao longo do dia. Não se prevê precipitação. A brisa marítima continua a fazer-se sentir, sobretudo no litoral ocidental, onde poderá causar algum desconforto junto ao mar, apesar da temperatura da água continuar acima da média. No interior, a persistência de ar quente, aliada a baixos níveis de humidade relativa, manterá o risco de incêndio elevado e uma sensação térmica ainda algo desconfortável.
Contudo, é a partir de segunda-feira, 23 de junho, que se antecipa uma viragem mais marcante na situação meteorológica. Os principais modelos de previsão indicam a aproximação de uma depressão em altitude, que deverá promover um aumento substancial da instabilidade em grande parte do território continental, especialmente nas regiões do Norte e Centro. Esta situação atmosférica, típica dos meses de verão, poderá dar origem a trovoadas localmente fortes, aguaceiros intensos e episódios de granizo, sobretudo durante o início da madrugada de terça-feira.
A previsão coincide com o período de celebrações do São João, podendo condicionar as festividades em áreas como o Porto, Braga e outras localidades do Norte interior. Na terça-feira, 24 de junho, espera-se que a precipitação ocorra sobretudo no Norte e Centro de Portugal, com particular incidência em Leiria, onde os valores acumulados podem chegar a 20 mm.

Apesar de os sinais de instabilidade serem consistentes, o cenário meteorológico ainda apresenta margens de incerteza. Há modelos que colocam o núcleo da depressão mais a oeste, permitindo nova intrusão de ar seco e quente, o que poderia adiar o fim do calor nas regiões do interior sul. Contudo, essa possibilidade tem vindo a perder força face às mais recentes simulações, que reforçam a probabilidade de convecção diurna e instabilidade significativa em todo o Centro e Norte do país, com especial incidência no interior montanhoso.
Nas regiões do litoral, a influência do Atlântico será mais evidente, garantindo temperaturas mais amenas e maior cobertura de nuvens. Ainda assim, não se exclui a possibilidade de desenvolvimento de células convectivas também nestas áreas, sobretudo se a depressão se deslocar ligeiramente para leste e reforçar os contrastes térmicos à superfície.
A conjugação entre calor residual, maior humidade e ar frio em altitude criará um ambiente propício ao desenvolvimento de trovoadas de evolução rápida, mas localmente severas. A distribuição espacial da precipitação será irregular, com algumas localidades a registarem aguaceiros intensos e outras próximas a manterem tempo seco.
Semana começa sob instabilidade: trovoadas, risco local e vigilância reforçada até quarta-feira
A instabilidade deverá prolongar-se até quarta-feira, com tendência para diminuição gradual da sua intensidade a partir de quinta-feira. Mesmo assim, o risco de trovoadas e aguaceiros isolados deverá manter-se até ao meio da semana em várias regiões, exigindo especial atenção por parte das populações e autoridades locais, sobretudo nas áreas tradicionalmente mais vulneráveis a inundações rápidas ou fenómenos meteorológicos severos.

Por fim, o Atlântico tropical mantém-se invulgarmente calmo para esta altura do ano. Apesar de estarmos sob a influência de La Niña — um padrão oceânico que favorece a formação de ciclones tropicais —, não há sinais de desenvolvimento significativo nos próximos dias. A ausência de atividade pode não se prolongar por muito tempo: historicamente, os meses de julho e agosto tendem a trazer maior dinamismo tropical, com possíveis impactos nos arquipélagos portugueses ou na costa atlântica ocidental.
A nova semana arranca com previsões meteorológicas que rompem com a monotonia das últimas jornadas. Depois do calor extremo, a atmosfera torna-se mais dinâmica, instável e potencialmente perigosa em alguns pontos. O São João poderá ser celebrado sob aguaceiros e trovoadas, um contraste inesperado com o calor tórrido da primavera. A evolução da situação deverá ser acompanhada com atenção nas próximas atualizações.