Segunda quinzena de abril: frio e chuva a ganhar terreno pelo país?

A variabilidade tipicamente primaveril, apanágio do tempo em abril, não será exceção em 2022. Após o calor do período pascal, os protagonistas da atmosfera serão outros na segunda quinzena do mês. Voltarão o frio, a chuva e até mesmo a neve a avançar para Portugal continental?

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Após o sol e o calor pascais, os protagonistas do estado do tempo em Portugal continental serão outros. O que vai acontecer?

Até à segunda-feira de Pascoela (18), o sol e o calor bastante anómalos vão resgatar temperaturas típicas do verão em muitas localidades do nosso país, sendo protagonistas do estado do tempo em Portugal continental graças ao anticiclone que, disposto em crista, se vai solidificando dia após dia.

Contudo, este padrão meteorológico será abruptamente interrompido, provavelmente a partir de terça-feira (19), e 'regressaremos temporariamente ao inverno'. A dinâmica atmosférica, sempre muito irregular nesta estação do ano, especialmente em abril – o mês primaveril por excelência – deverá confirmar nas próximas duas semanas estes seus traços de variabilidade.

Próxima semana com ar polar e acentuado arrefecimento do tempo

De segunda (18) para terça-feira (19) uma depressão irá soltar-se da corrente de jato, chegando às imediações da Península Ibérica. Arrastar-se-á uma entrada maciça de ar polar com o vento a passar a soprar, em geral forte, do quadrante Norte. Caso este cenário se cumpra, a descida das temperaturas será impressionante em todo o país, especialmente no interior das Regiões Norte e Centro. Apenas no Algarve serão registadas máximas de 20 ºC.

mapa geopotencial
O modelo ECMWF antecipa uma situação de instabilidade atmosférica em Portugal continental na próxima semana graças a entradas de ar frio e uma ou mais possíveis depressões.

A dita depressão dará origem, entre terça (19) e quinta-feira (21), à ocorrência de chuva, sobretudo a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, provavelmente fraca e intermitente e sob a forma de aguaceiros.

Mas, de acordo com as previsões atuais, além das temperaturas baixas potenciadas pelo vento gélido de norte que agravará a sensação térmica de frio, conferindo mínimas perto dos 0 ºC nas terras do interior e pouco acima dos 5 ºC no litoral em grande parte da próxima semana, o período de maior instabilidade do ponto de vista pluviométrico seria entre os quinta-feira, dia 21 e domingo, dia 24 de abril.

E porquê? Segundo o ECMWF, ao longo de quinta-feira (21), o corredor que se formará entre o bloqueio anticiclónico entre a Escandinávia e as altas pressões atlânticas poderá fazer com que uma nova entrada de ar frio afete a Península Ibérica, o que caso se cumpra, será bastante potente e incomum para a época do ano.

Caso este cenário realmente se confirme em Portugal continental, com o frio em altitude, conjugado com a precipitação, não será de descartar a queda e acumulação de neve nos pontos mais elevados, e quiçá a cotas médias, nas serras do norte do país e também da Cordilheira Central, especialmente entre sexta-feira (22) e domingo (24).

Todavia, é de realçar que a incerteza desta previsão é muito elevada, e como estamos numa época do ano muito dinâmica e variável, a previsão pode alterar-se completamente de um momento para o outro. Assim, recomendamos que continue a atualizar-se diariamente connosco na secção de notícias, mapas, modelos e avisos.

Tendências meteorológicas para a última semana de abril

A partir do feriado do 25 de abril, o tempo poderá voltar a estabilizar no nosso país, possivelmente com bons períodos de sol intercalados com nebulosidade. Mesmo assim, não será de descartar a ocasional queda de chuva ou aguaceiros até ao final da última semana do mês.

mapa anomalia precipitação
As anomalias de precipitação previstas para a última semana do mês, de momento, não se revelam significativas em Portugal continental.

Os mapas semanais sugerem um padrão atmosférico dentro do normal climatológico, com temperaturas quiçá ligeiramente inferiores ao habitual, mas com valores mais normalizados em grande parte do território de Portugal continental. Além disso, também não estão previstas anomalias significativas para a precipitação, o que contraria o provérbio popularmente conhecido “abril, águas mil”.