Próxima semana: "comboio de frentes" a caminho da Península Ibérica?

A prometida frente deixou hoje uma quantidade “generosa” de precipitação em boa parte de Portugal continental. O tempo de chuva dará tréguas nos próximos dias, mas a semana que vem abrirá portas a um “comboio de frentes”. O que vai acontecer? Confira a previsão!

chuva; portugal; estado do tempo
A chuva regressou a Portugal continental nestes três primeiros dias de março. Foi algo pontual ou estaremos perante uma mudança no padrão atmosférico?

A partir de hoje as circunstâncias relativas à grave seca que afeta Portugal continental vão começar a alterar-se. Com a chuva do dia do Carnaval e com a passagem da frente desta quinta-feira – associada a uma tempestade atlântica – os níveis hídricos dos solos e as bacias hidrográficas estão, lentamente, a recompor-se. Obviamente que será necessário que chova muito mais para atenuar, pelo menos, os danos sofridos pela agricultura, por não se ter podido semear na altura devida.

A frente desta quinta-feira descarregou a maioria da precipitação no Norte (sobretudo Minho e Douro Litoral), por vezes forte, durante a madrugada e a manhã, e a restante sob a forma de aguaceiros no período da tarde. Atravessou Portugal continental rapidamente, de noroeste para sudeste, e deixou neve acima dos 1000 metros de altitude na Cordilheira Central (Serra da Estrela). Houve acumulações “generosas” no país, sobretudo a norte do Tejo. O tempo arrefeceu substancialmente graças à presença do ar polar marítimo arrastado pela frente e a sensação térmica de frio é agravada pelo vento forte de Noroeste.

Próximos dias com tempo variável

Após os três primeiros dias de uma primavera climatológica que iniciou húmida e instável, a questão que se impõe é: estará o padrão atmosférico realmente a alterar a sua dinâmica - o que resultaria na tão desejada chuva; ou serão estes episódios meteorologicamente instáveis meramente pontuais?

De acordo com o nosso modelo de confiança, ECMWF, até ao próximo domingo, dia 6 não se prevê grandes acumulações de precipitação. Sexta-feira dará tréguas na instabilidade, esperando-se um dia soalheiro, mas com períodos nublados de norte a sul de Portugal continental. As temperaturas continuarão frias, com valores abaixo do normal para a época em toda a nossa geografia, e inclusive, são esperadas mínimas negativas nas cidades de Bragança e Guarda.

No entanto, no sábado, dia 5, uma pequena frente, débil e já em dissipação, atingirá a faixa costeira ocidental entre o distrito de Leiria e Faro, bem como a região do Alentejo e o resto do Algarve. Não estão previstas quantidades extraordinárias, mas mesmo assim, deverão acumular-se entre 12 a 20 litros por metro quadrado de chuva nalgumas localidades nos próximos 3 dias. O ambiente permanecerá frio, com o ar polar marítimo a ser canalizado em direção à Península Ibérica e o vento a soprar de Noroeste. Máximas entre os 12 ºC e 14 ºC na maioria das capitais distritais, com mínimas a baixar aos -2 ºC em Bragança e Guarda.

Para domingo, dia 6, prevê-se um panorama soalheiro, com céu limpo na maioria do território continental. Alguma nebulosidade alta pela região Norte. Prevê-se um ligeiro aumento das temperaturas no domingo, sobretudo das máximas, com os termómetros a registar 14 ºC no Porto, 15 ºC em Coimbra e 16 ºC em Lisboa e Faro. O regime de vento Norte vai continuar mais uma jornada. No interior as mínimas voltarão a baixar, esperando-se -3 ºC nas capitais distritais de Bragança e Guarda.

A partir de segunda-feira, virá um “comboio de frentes” derivadas de tempestades?

A partir do dia 7, próxima segunda-feira, o modelo Europeu insiste num cenário que aposta num “comboio de frentes” que atravessaria a Península Ibérica ao longo da próxima semana. Se as previsões se cumprirem, resultarão numa situação de precipitação a um ritmo praticamente diário e quase ininterrupto em Portugal (além do vento forte e possível queda de neve nalguns dos dias). Contudo, esta situação permanece muito incerta, resultando num prognóstico de elevada dificuldade a esta distância temporal, sobretudo numa estação como a primavera, muito variável por natureza.

É possível que com a quebra do anticiclone de bloqueio, situado a oeste de Portugal continental, se abra a via para a chegada de mais superfícies frontais e depressões atlânticas, o que seria ótimo para o início da reversão da seca no país.

Mesmo assim, tudo indica que o anticiclone de bloqueio localizado no Atlântico a oeste de Portugal continental quebrou, afastando-se de nós, subindo para norte e deixando via aberta para a chegada de mais depressões ou frentes atlânticas. É provável, por isso, que continuemos a ser “bombardeados” por mais chuva na próxima semana, o que são ótimas notícias naquilo que poderá ser o início da reversão da seca. Confiemos na primavera!