Na quarta-feira 10 haverá uma mudança brusca de padrão meteorológico: a NAO+ surgirá e isto acontecerá em Portugal

O índice NAO entrará em fase positiva e os efeitos meteorológicos em Portugal serão diferentes do habitual. O tempo no nosso país ficará muito variável, com a alternância entre frentes frias atlânticas e a influência temporária do anticiclone.

Segundo as previsões atuais, o índice NAO mudará para a fase positiva na semana que está prestes a iniciar e continuará durante parte da semana seguinte, já pela segunda quinzena de dezembro adentro.

Isto implica uma mudança nos padrões atmosféricos de grande escala no Atlântico, especialmente no que diz respeito às altas pressões, sendo expectável uma mudança do tempo para uma frequência maior de períodos de estabilidade, ainda que temporários e a alternar com a ocasional interrupção de frentes frias. Abaixo serão explicadas as nuances, bem evidentes, previstas para o tempo na semana de 8 a 15 de dezembro no território de Portugal.

O que é o índice NAO?

A Oscilação do Atlântico Norte (NAO) é um índice que nos permite antecipar o comportamento da troposfera, ou seja, permite-nos prever tendências de tempo seco ou chuvoso em Portugal, especialmente no inverno. Em geral, quando este índice entra numa fase positiva indica um aumento da fiabilidade das previsões. Não obstante, isso não impede a ocorrência de nuances no estado do tempo.

Ao longo de mais de uma semana a NAO+ prevalecerá na Europa.

O valor da NAO depende da diferença de pressão ao nível do mar entre as baixas pressões da Islândia e o anticiclone dos Açores. Quando a NAO é positiva, a diferença de pressão entre a Islândia e os Açores é muito significativa e o fluxo de ventos de Oeste é muito forte nos níveis altos. Normalmente, isto resulta num estado do tempo predominantemente seco e estável em Portugal, com depressões a circularem nas latitudes setentrionais e um anticiclone posicionado sobre, ou nas imediações da nossa geografia.

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Em contrapartida, quando a NAO entra na sua fase negativa, a diferença de pressão entre a Islândia e os Açores é menor e o fluxo de ventos de Oeste é mais fraco, com grandes ondulações no jato polar. Esta configuração costuma ser favorável à chegada de depressões e frentes à nossa latitude, com tempo chuvoso e instável em muitas regiões de Portugal.

NAO+, as suas implicações no tempo e as nuances previstas para Portugal

Com a entrada em cena da NAO+ o tempo em Portugal continental ganhará uma maior estabilidade, mas com nuances evidentes: apesar do temporário domínio anticiclónico na segunda (8), quarta (10) e quinta (11), as altas pressões não estarão perto o suficiente para impedir a chegada de frentes frias atlânticas muito ativas, tanto na terça (9), como na sexta-feira, 12 de dezembro. Nos Açores e Madeira, e sobretudo no primeiro dos arquipélagos referidos, o estado do tempo será tendencialmente chuvoso e instável.

Entre segunda e sexta-feira chegarão duas frentes a Portugal continental

A chegada da primeira frente fria está prevista para a próxima terça-feira, 9 de dezembro. Apesar da sua rápida passagem pelo nosso território, que será totalmente percorrido numa trajetória de noroeste para sudeste, a frente será muito ativa pois estará reforçada por um rio atmosférico carregadíssimo de vapor de água.

Isto traduzir-se-á em várias horas de chuva persistente e abundante, especialmente nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e em particular na região do Alto Minho (distrito de Viana do Castelo). Nas primeiras horas de quarta-feira (9) ainda permanecerão alguns remanecescentes da frente, com chuva no interior alentejano e em várias zonas do Algarve.

A frente fria extensa e muito ativa da próxima terça-feira (9) chegará até ao arquipélago da Madeira e regará todo o território de Portugal continental, de noroeste para sudeste.

De acordo com os mapas de referência da Meteored (modelo ECMWF), a segunda frente, menos robusta, chegará na sexta-feira (12), mas com uma trajetória que seria uma cópia da anterior: chuva mais provável, frequente e forte nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, mas com um notável enfraquecimento ao cruzar esta barreira rumo às regiões mais meridionais, devido ao efeito orográfico.

A precipitação será novamente abundante no Minho, Douro Litoral, distritos de Vila Real, Aveiro, Viseu e em pontos do litoral Centro e Grande Lisboa, sendo menos frequente e intensa nas regiões a sul de Montejunto-Estrela.

Em suma, pode-se concluir o seguinte: a NAO positiva prevalecerá, mas os efeitos serão diferentes do que seria de esperar com este padrão. O anticiclone estará presente, mas a sua influência no estado do tempo no nosso país será temporária, dado que a chegada de duas frentes frias interromperá a estabilidade em pelo menos duas ocasiões (terça, 9 e sexta, 12), provocando chuva generalizada de norte a sul de Portugal continental.