Fim de semana de dilúvio nos Açores e na Madeira: e no Continente?

A primeira metade da semana foi chuvosa, registou trovoada e, agora, chegaram as poeiras do Saara. Entretanto, no Atlântico, estão todas as atenções viradas para uma tempestade que atingirá os Açores e a Madeira. Chegará a Portugal continental?

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A chuva dará tréguas em Portugal continental. Mas será por muito tempo? Entretanto, Açores e Madeira viverão um cenário meteorológico bem diferente.

Os primeiros dias da semana foram, tal como se previra, passados por água, tendo sido especialmente húmidos e instáveis no Centro e Sul do nosso país. A acumulação de chuva foi bastante expressiva nestas áreas do país, destacando-se as regiões do Baixo Alentejo e do Sotavento Algarvio. Aliás, foi ontem (23 de março) que, em somente 24 horas, quase 70 mm de precipitação foram registados nas três estações meteorológicas mais chuvosas (Mértola, Vila Real de Santo António e Castro Marim).

Com efeito, é inegável a visível mudança nas paisagens alentejanas e algarvias após tanta “fartura” de água a beneficiar, dia após dia, semana após semana, as mesmas regiões, desde o início de março. Já se verifica os impactos positivos da chuva nestas regiões, que é como ouro líquido na rega dos campos, contribuindo também para a hidratação dos solos e das plantas/árvores e para a progressiva recuperação do caudal dos rios e ribeiras.

Poeiras, calor e estabilização do tempo, até quando?

Hoje, além dos períodos de chuva e aguaceiros a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, houve nuvens e abertas a norte do mesmo. Amanhã, sexta-feira 25, prevê-se aguaceiros irregulares e dispersos, um pouco por todo o país. Provavelmente, terá reparado que o céu apresentou, de novo, uma tonalidade ligeiramente esquisita, a pender para o amarelado-esbranquiçado. Lembra-lhe de algo?

Sim, exatamente! São poeiras do Saara que, de novo, invadiram a Península Ibérica graças à depressão que esteve a afetar-nos nestes últimos dias. Devido à sua atual localização e ao fluxo de vento associado, as partículas arenosas foram empurradas até cá. Mas, desta vez, numa concentração muito menor do que a deixada pela tempestade Celia.

No sábado de manhã, dia 26, já praticamente se terá dissipado, embora, até lá, persista o risco de “chuva de lama” nos locais onde se prevê precipitação e, além disso, nunca é demais recordar, sobretudo para quem sofre de alergias e problemas respiratórios, que o uso de máscara é bastante recomendado.

Após vários dias de instabilidade e precipitação, muito necessária no contexto do desejado desagravamento da seca que ainda assola Portugal continental, a chuva irá dar tréguas durante alguns dias extremidade ocidental da Península Ibérica, prevendo-se um fim de semana de nuvens, sol e calor primaveril. Além disso, é de realçar que, o fluxo de levante, quente e seco, irá manter as temperaturas relativamente altas em território nacional.

Aliás, para domingo, 27 de março, prevê-se temperatura máxima de 22 ºC nos termómetros de Aveiro, Coimbra, Leiria e Lisboa, 21 ºC em Braga, Santarém, Évora e Beja, 20 ºC em Viana do Castelo, Porto, Castelo Branco e Setúbal, e 19 ºC em Portalegre e Faro. Abaixo destes valores, só nas capitais distritais de Bragança e da Guarda.

Açores e Madeira à espera de um dilúvio

A formação e desenvolvimento de outra tempestade atlântica, nascida na “confluência” da Terra Nova e da Gronelândia, irá descrever um rumo Noroeste-Sudeste, atingindo em cheio, primeiro, o Arquipélago dos Açores, entre sexta-feira e sábado, e mais tarde, o Arquipélago da Madeira.

Ao longo dos próximos dias, a Região Autónoma açoriana será invadida por chuva forte e vento intenso (consultar avisos meteorológicos), com destaque para os Grupos Oriental e Central. Neste último, prevê-se um autêntico dilúvio nas várias ilhas, dado que a precipitação será abundante em três dias, esperando-se uma acumulação total de 118 mm durante esse período.

As rajadas serão fortes e poderão atingir ou superar os 90 km/h, salientando-se a ilha do Pico, de acordo com o modelo ECMWF. Não se descarta, tampouco, a ocorrência de trovoada. No domingo, a fase mais crítica da tempestade já terá passado, mas ainda haverá instabilidade.

Quanto à Madeira, o cenário meteorológico será parecido. Contudo, quando a tempestade chegar lá, já se terá desprendido da corrente de jato e isolado em altitude, originando uma depressão isolada em altitude. A Madeira estará debaixo de temporal, com a chuva a poder adquirir um carácter torrencial em certos momentos de domingo, dia 27 (provavelmente de manhã), e o vento a soprar forte de Sudeste. Entretanto, na segunda-feira, dia 28, o tempo deverá estabilizar.

Irá esta tempestade chegar a Portugal continental?

Para já, o nosso modelo de confiança (Europeu), indica que sim. Após afetar a Madeira no domingo, a tempestade, já muito mais debilitada, irá deslocar-se para a Península Ibérica onde entrará através de vários pontos da geografia: pelo sudoeste peninsular (Cabo de São Vicente e Golfo de Cádiz - Algarve e Andaluzia), e Lisboa.

De segunda-feira, dia 28, em diante, prevê-se o regresso da chuva ao território continental, provavelmente fraca e irregular, mas com possibilidade de ocorrência de trovoada durante a tarde. O calor continuará na segunda-feira, todavia, espera-se uma diminuição significativa das temperaturas a partir de terça, o que coincide com a mudança do quadrante do vento: inicialmente de Leste e mais tarde de Noroeste.