Episódio de chuva intensa e vento forte à espreita na próxima semana?

Para já vá desfrutando do tempo estável, caso seja apreciador(a) de dias com sol e vento fraco. Mas prepare-se, o tempo vai mudar drasticamente dentro de poucos dias. É possível que na semana do Natal sejamos ‘brindados’ com chuva e vento forte. O que vai acontecer? Confira a previsão!

temporal; chuva; Portugal
O início da semana do Natal poderá ser bastante instável e húmido. O que vem aí?

Esta quarta-feira o bloqueio em ómega mantém-se firme, com as altas pressões a solidificar-se em torno da Europa Central. A madrugada foi fria, o estado do tempo foi estável e soalheiro, com algumas nuvens altas de norte a sul do território continental e o nevoeiro tende a persistir em certos pontos do interior transmontano. A poluição atmosférica evidencia-se nas maiores cidades portuguesas, especialmente junto a Porto e Lisboa, devido ao aprisionamento do ar que favorece o aumento das partículas poluentes.

Este será o panorama meteorológico, que em geral, vigorará também ao longo dos próximos dias. As temperaturas a mostrar constantemente valores acima do normal para a época, embora num ou outro dia alguma oscilação térmica, surgindo mais frio (sobretudo no interior). Também persiste o fluxo fraco de Leste, e, desta forma, poderia pensar-se que estaríamos “mergulhados num imbróglio” monótono de tempo, sempre semelhante e anticiclónico, pelo menos até ao Natal. No entanto, já para o arranque da próxima semana, dia 20, prevê-se uma mudança drástica no estado do tempo para Portugal continental: o que vem aí?

Temporal a caminho de Portugal?

Tal como já tínhamos avançado aqui na Meteored, a subida em latitude das altas pressões até às Ilhas Britânicas e Mar do Norte, gerou um potente bloqueio anticiclónico que obstrui a chegada de depressões atlânticas. Ora, desta forma, com o fluxo de Leste conjugado com o anticiclone, poderia pensar-se que teríamos estabilidade meteorológica ‘para dar e vender’.

No entanto, tal como fizemos questão de salientar há alguns dias, dependendo da posição do anticiclone, se este se deslocasse o suficiente para Norte (até latitudes escandinavas – e neste momento, é o cenário mais provável previsto pelo ECMWF), permitiria a entrada de baixas pressões pelo seu flanco sul, que chegariam até à Península Ibérica sob a forma de depressões/superfícies frontais, e por isso, surgiria um potencial episódio instável de médio/longo prazo.

A posição do anticiclone assume-se como a chave que desbloqueia o porquê da possível instabilidade meteorológica que se avizinha. É uma situação típica de inverno, com uma ou mais superfícies frontais associadas a uma depressão atlântica. Apesar de não atravessarem Portugal continental através do Noroeste (previsivelmente será muito mais atingido do que Espanha, segundo as primeiras projeções), fá-lo-ão pelo sudoeste português, neste caso, pelo Algarve, litoral alentejano e posteriormente Área Metropolitana de Lisboa.

Acaba por ser uma ‘benesse’ a nível meteorológico e agrícola, uma vez que esta chuva cairá, ao que tudo indica, em maior quantidade, precisamente nas regiões mais carentes e necessitadas de água, muito afetadas pela grave seca meteorológica que atravessam.

Possíveis efeitos no Continente

Este episódio do tempo adverso surgirá primeiro pelo Arquipélago dos Açores e da Madeira durante o fim de semana, essencialmente no domingo, onde deixará vento forte e chuva abundante, generalizada e persistente. O mesmo cenário repetir-se-á em Portugal Continental nos dias posteriores, ou seja, segunda e terça-feira (21). Prevê-se que terça-feira seja o dia mais crítico no Continente.

O modelo ECMWF estima acumulações entre 50 a 100 l/m2 em somente 48 horas. A precipitação será mais intensa no Algarve, Alentejo e grande parte da Região Centro. O Norte será menos afetado, mas, mesmo assim somará quantidades interessantes de pluviosidade.

Sendo um episódio meteorológico tipicamente invernal, há, contudo alguns riscos que devem ser destacados: vento forte pode causar o derrube de árvores e estruturas frágeis; chuva abundante num curto espaço de tempo pode gerar inundações localizadas em áreas urbanas expostas e mais vulneráveis.

O vento soprará moderado a forte de Sudeste, com rajadas na ordem dos 70 km/h nalguns pontos do território. As temperaturas continuarão no registo atual, ou seja, relativamente amenas em relação à altura do ano. Nos dias seguintes esta situação deverá abrandar, mas existe a possibilidade de voltar a repetir-se um evento semelhante volvidos poucos dias.

Há algum risco de queda de árvores e outras estruturas frágeis, bem como de inundações localizadas, mas, com as devidas precauções tomadas, este não passará de um episódio meteorológico tipicamente invernal. Desse lado, mantenha-se atualizado quanto às previsões do tempo, consultando as nossas secções de notícias, mapas, satélites, radares, modelos e avisos.