Como será o tempo no verão de 2021?

Após uma primavera climatológica muito peculiar sob o ponto de vista meteorológico, estamos prestes a entrar num verão no qual teremos uma maior mobilidade que no anterior devido ao avanço da vacinação. Fará muito calor ou existirá espaço para trovoadas? Confira a previsão!

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Este verão deverá apresentar menos restrições à mobilidade quando comparado com o de 2020. Como vai estar o tempo ao longo dos próximos meses?

O verão climatológico começou! Decorrerá entre hoje, 1 de junho, e o próximo 31 de agosto. É uma estação na qual reside muita esperança graças não só ao processo de vacinação, como também ao alívio das restrições e à diminuição do número de infetados com Covid-19. Portanto, é expectável que ocorra um incremento nas viagens turísticas. A meteorologia, estará à altura das expectativas? Outro verão de recordes a caminho?

O verão de 2021 em Portugal em traços gerais

Com base nas previsões do nosso modelo de referência, estima-se que o trimestre de junho, julho e agosto apresente padrões meteorológicos distintos entre regiões. Na maioria dos territórios fará mais calor que o normal, noutros as temperaturas estarão dentro dos valores habituais ditados pela normal climatológica, e por fim, numa terceira abordagem, algumas regiões registarão tempo mais fresco que o normal.

A conjugação do anticiclone dos Açores com a depressão térmica que se situa sobre os desertos norte-africanos, influenciará determinantemente o típico tempo de verão (quente e seco). Como sempre, é bem provável que na costa oeste predominem as nortadas.

À escala sinóptica, tudo indica que a crista anticiclónica (anticiclone dos Açores) estará centrada sobre a Península Ibérica, abrangendo o nosso país praticamente na sua totalidade, pelo que estão previstas assim várias ‘invasões’ de massas de ar tropical continental (quente e seco), normalmente oriundas do deserto norte africano. Desta forma, conjugar-se-á o ‘cocktail’ perfeito de fatores que influenciam determinantemente os estados do tempo vividos durante o veraneio.

Não esquecer também que Portugal e Espanha, pela peculiar orografia que apresentam, ‘geram’ o seu próprio calor dado que estes dois países juntos são praticamente um mini-continente. Não se observam, para já, anomalias significativas na pressão à superfície, no entanto, é bem provável que na costa oeste portuguesa predominem os ventos de norte ou noroeste dando origem às famosas nortadas. Ocasionalmente, poderá levantar o vento de sul ou de levante.

ECMWF Mapa temperatura previsão sazonal verão 2021
O ECMWF estima que numa grande parte do país o tempo vai estar ligeiramente mais quente que o habitual.

Mais quente numas regiões, mais fresco noutras

De acordo com os mapas, na região Norte, composta pelas sub-regiões de Alto Trás-os-Montes (Bragança), Ave, Cávado, Douro, Entre Douro e Vouga (Aveiro), Grande Porto (Porto), Minho-Lima (Braga, Viana do Castelo) e Tâmega, numa grande parte da Beira Interior (Guarda, Castelo Branco) e em quase todo o Alentejo (Portalegre, Évora, Beja) - à exceção do litoral alentejano -, as temperaturas vão exibir valores entre 0,5 ºC e 1 ºC acima da média, o que representará um verão mais quente que o normal nestas regiões.

Nalgumas localidades, poderão ocorrer recordes de calor devido às temperaturas, algo que tem vindo a repetir-se com mais frequência nos últimos anos. Nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira o cenário será mais ameno, com anomalia térmica prevista de até 0,5 ºC.

No entanto, nas restantes regiões, quanto mais para sul e para o oeste, em áreas do litoral atlântico, como o litoral do Alentejo, o Barlavento Algarvio, a Península de Setúbal e os pontos mais ocidentais de Lisboa, as temperaturas estarão ligeiramente mais frescas que o normal, apresentando uma anomalia negativa de -0,5 ºC. Nos restantes territórios ainda não mencionados, maioritariamente pertencentes à região Centro, os valores de temperatura deverão situar-se dentro do habitual.

ECMWF mapa precipitação previsão sazonal verão 2021
Os valores de precipitação deverão ficar dentro do normal, exceto na região do Alentejo.

Os meses mais secos do ano, mas existem nuances

Como todos nós sabemos, no verão a subsidência associada às altas pressões reforça a estabilidade na camada inferior da troposfera, resultando em precipitação escassa, embora com algumas nuances. De facto, as famosas trovoadas de verão podem aparecer e alterar o regime pluviométrico da estação em poucas horas. As previsões salientam que o mais provável é que o verão seja ligeiramente mais seco do que o normal no Alentejo e nalguns pontos da Beira Baixa e do Sotavento Algarvio. No resto do país, os valores de precipitação (já de si escassos) deverão situar-se dentro do habitual.

Menos trovoadas de verão este ano?

Apesar da incontrolável variabilidade diurna e sazonal, episódios de trovoada são frequentes nos dias de verão, especialmente durante a tarde. Isto acontece porque, nesta altura do ano, o ar está muito quente junto ao solo e a movimentação das massas de ar surge de sul e de oeste, carregadas de humidade.

Perante esta condição atmosférica, o ar quente e húmido ascende rapidamente, condensa e permite o desenvolvimento vertical de nuvens muito densas. Estas atuam como incubadoras de trovoadas, as quais acontecem pela necessidade de libertação de energia devido a mudanças abruptas na temperatura do ar, podendo fazer-se acompanhar da queda de granizo restrito espacialmente.

A sua prevalência é maior no interior do país, uma vez que a Nortada típica da faixa litoral oeste, ameniza a diferença de temperatura entre a superfície e a altitude, mitigando a possibilidade de formação de trovoadas. Assim, apesar da escassa precipitação prevista, não se descarta a ocorrência das famosas trovoadas de verão, especialmente em pontos do interior do país, embora devam ocorrer em menor número em relação a anos anteriores.