Sabia que a Árvore de Natal pode ser uma tradição amiga do ambiente?
Quer as árvores de Natal, naturais ou artificiais, têm impactos distintos no ambiente, porém esta tradição pode ser mais sustentável e benéfica para a natureza. Venha saber mais!

Todos os anos, quando o Natal se aproxima, surge a velha questão: será que cortar uma árvore para a decorar durante poucas semanas pode realmente ser sustentável?
À primeira vista, a prática parece contraditória com os princípios ambientais, no entanto segundo um artigo publicado pela BBC Future este pensamento pode ser bem diferente.
As árvores de Natal naturais, ao contrário do que muitos imaginam, podem desempenhar um papel positivo tanto para os ecossistemas como para a economia rural, desde que produzidas e descartadas de forma responsável.
Como crescem e são tratadas as árvores naturais?
A maioria das árvores de Natal naturais não é retirada de florestas selvagens, mas sim de plantações dedicadas. Estas plantações funcionam de forma semelhante a qualquer exploração agrícola, mas com benefícios ambientais relevantes.
Uma árvore de Natal típica é cultivada durante cerca de uma década antes de ser cortada. Ao longo deste período, absorve dióxido de carbono, armazena carbono na madeira e nas raízes e liberta oxigénio.
Além disso, mantém o solo coberto, reduzindo assim a erosão e favorecendo a infiltração de água, ao mesmo tempo que proporciona habitat para aves, insetos e pequenos mamíferos.
A comparação com árvores artificiais é inevitável. Muitas famílias acreditam que uma árvore de plástico reutilizável será sempre a opção mais ecológica.
A produção destas árvores envolve PVC (polímero sintético termoplástico) e outros materiais derivados de combustíveis fósseis, além de consumirem energia durante a manufatura e de serem, na maioria dos casos, fabricadas a milhares de quilómetros de distância dos mercados onde são vendidas.
O transporte contribui ainda mais para a sua pegada carbónica
Para tornar uma árvore artificial ambientalmente comparável a uma natural, seria necessário utilizá-la durante pelo menos dez anos, um período que nem sempre corresponde à realidade, dado que muitas acabam descartadas mais cedo por desgaste ou substituição por modelos mais modernos.
Também o fim de vida das árvores naturais é determinante para o seu impacto. Se forem enviadas para um aterro, a decomposição em ambiente anaeróbico produz metano, um gás de efeito de estufa muito mais potente do que o CO₂.
Contudo, quando recicladas transformadas em aparas, compostadas ou usadas como cobertura vegetal em parques e jardins, o impacto reduz-se drasticamente. Muitas câmaras municipais já oferecem recolha seletiva de árvores após as festas, permitindo que o ciclo termine de forma ambientalmente responsável.
A importância do contexto económico e social
Em muitas regiões, as plantações de árvores de Natal representam uma fonte de rendimento para pequenas comunidades rurais.

Estas explorações mantêm empregos locais e ajudam a conservar paisagens agrícolas que, sem atividade económica, poderiam degradar-se ou ser convertidas em áreas urbanizadas.
Assim, ao comprar uma árvore natural local, o consumidor não só reduz as emissões associadas ao transporte como apoia economias rurais que dependem desta atividade sazonal.
Isto não significa, porém, que a produção de árvores naturais esteja isenta de desafios. Algumas plantações recorrem a fertilizantes e pesticidas, o que pode representar riscos para a qualidade do solo e da água.
A escolha de produtores locais que adotem práticas sustentáveis é um passo importante para minimizar o impacto ambiental.
A tradição da árvore de Natal não tem de ser inimiga do planeta
No fim de contas, a sustentabilidade da árvore de Natal depende mais das escolhas feitas antes e depois da compra do que da própria árvore. Optar por uma árvore natural proveniente de produção local, transportá-la de forma eficiente, evitar o envio para aterro e participar nos programas de reciclagem são decisões que reduzem significativamente a pegada ambiental.
Da mesma forma, quem prefere uma árvore artificial deve comprometer-se a utilizá-la durante muitos anos para que o impacto inicial seja amortizado.
Quando existe uma escolha gerida com consciência e informação, pode até contribuir para práticas agrícolas sustentáveis, apoiar economias rurais e manter a paisagem verde durante todo o ano. A chave está em conhecer as implicações de cada escolha e agir de forma responsável para que o espírito natalício não pese no ambiente.