Vulcão que existiu há 134 milhões de anos é descoberto no Sul do Brasil!

Evidências indicam que existia um vulcão sobre o território brasileiro há 134 milhões de anos! O vulcão era capaz de lançar jatos de lava a mais de 1 km de altura.

Rochas vulcânicas
Investigadores encontraram evidências que possibilitaram a descoberta de um vulcão no território brasileiro, há 134 milhões de anos. Foto: Marcell Leonard Besser.

A atividade vulcânica consiste na erupção de rocha derretida do interior da Terra, o magma, para a atmosfera. Quando chega à superfície, o material a ferver recebe o nome de lava, e no processo, são formados os vulcões, a maioria com formato cónico.

Recentemente, investigadores do Serviço Geológico do Brasil encontraram rochas milenares raras que possibilitaram a descoberta de um vulcão que existiu no Paraná há 134 milhões de anos!

As rochas milenares, chamadas piroclásticas, estavam numa região de mina em Marilândia do Sul, localizada a norte do estado do Paraná. A estrutura geológica foi nomeada de Tapalam.

De acordo com o geólogo Marcell Leonard Besser, do Serviço Geológico do Brasil, a descoberta das rochas, formadas a partir do magma do vulcão, revela informações importantes sobre a história do planeta. Acredita-se que o vulcão era capaz de lançar jatos de lava a mais de um quilómetro de altura, distância superior a três torres Eiffel empilhadas. Para que tenha uma ideia, um vulcão entrou em erupção na península de Reykjanes na Islândia e os jatos atingiram 400 metros de altura.

Rocha vulcânica
Amostra que contém a rocha piroclástica (tons avermelhados) unidas por uma massa bege e branca, servindo como cimento (a). Corte transversal da amostra com piroclastos alongados depositados na rocha (b). Fonte: Besser et al., 2024.

Mas como é que os investigadores descobriram a altura dos jatos? Chegaram à conclusão da altura dos jatos do Tapalam a partir do formato que os “cacos” de lava que se solidificaram. Através do formato é possível descobrir como foi a erupção e fazer uma reconstrução do vulcão e também o tipo do vidro vulcânico! Alguns, por exemplo, são como um pano torcido, outros são como halteres de ginásio, outros têm a forma de lágrimas de gotas, e outros possuem a forma de cabelos, fininho e tão minúsculo que podem ser levados pelo vento.

Em erupções de fragmentação magmática seca, taxas de arrefecimento mais lentas geralmente resultam na formação de taquilita, um vidro rico em micrólito, enquanto em erupções freatomagmáticas o sideromelano é mais comum, uma característica de vidro vulcânico limpo e rapidamente solidificado.

O vulcão pode ficar ativo novamente?

As rochas localizadas nunca tinham sido encontradas na região, conhecida no meio científico como província geológica Paraná-Etendeka, que compreende o centro-sul do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A formação destas áreas que conhecemos hoje tiveram influência das erupções do Tapalam.

Mas a população deve ficar preocupada com a possibilidade do vulcão ficar ativo novamente? Besser garante que qualquer atividade do vulcão é improvável, em nenhuma área do Brasil tem vulcões que podem voltar a entrar em atividade, sem hipóteses disso acontecer!

Segundo as projeções, a área em que o vulcão estava foi criada durante a existência da Pangeia, quando todos os continentes do planeta ainda formavam apenas um único continente.

As rochas piroclásticas são formadas a partir de explosões de vapor vulcânico. Piroclásticos vem do grego, “piro” é fogo e “clástico” é quebrado como se fossem caquinhos. Estas rochas piroclásticas foram encontradas numa mina de Marilândia do Sul que produz britas para construção civil, contudo, a rocha não é adequada para mineração. Ou seja, fazer uma construção com a rocha piroclástica não é uma boa opção, porque não vai funcionar, logo vai cair tudo.

Além disso, a existência do Tapalam, um primeiro depósito piroclástico dentro da província geológica Paraná-Etendeka, oferece informações valiosas sobre a história vulcânica e os processos geodinâmicos associados a estas erupções extensas e de alto volume que moldaram o passado da Terra. A partir deste estudo é possível conhecer a geologia do Brasil, saber onde estão os minérios e a água potável subterrânea, e assim, elaborar estratégias de exploração económica e preservação.

Referência da notícia:

Besser, M.L.; Licht, O.A.B.; Vasconcellos, E.M.G. Well-preserved fallout basaltic tuff in central Paraná-Etendeka Large Igneous Province: pyroclastic evidence of high fire-fountain eruptions. Bulletin of Volcanology, v. 86, n. 6, 2024.