Vamos perceber o Tempo!

O planeta que habitamos está envolto numa fina camada de gases, aprisionada pela força da gravidade, e definida como atmosfera. Um espaço onde ocorrem constantes trocas de energia que permite a existência de vida.

A atmosfera do planeta formou-se a partir de vestígios da nebulosa onde se condensou o sistema solar.

A ação conjugada dos processos que ocorrem na Atmosfera, Litosfera, Biosfera e Hidrosfera resultam numa dinâmica que regionaliza o clima e faz variar os estados de tempo ao redor do planeta. Todavia, importa clarificar, a fim de evitar que, incorrectamente, os termos Clima e Tempo, se utilizem como sinónimos, uma vez que o seu significado é distinto!

Aludamos à expressão Estado de Tempo. Esta caracteriza um conjunto de elementos atmosféricos, que se manifestam num dado local, restrito a um curto período de tempo, assente em princípios físicos como a termodinâmica. Por outro lado, o termo Clima define a sucessão temporal, geralmente um período de 30 anos, dos diversos estados de tempo manifestados num determinado local, alicerçando a sua tipificação na estatística que caracteriza flutuações e alterações atmosféricas, em períodos que podem durar de décadas a milhões de anos.

Condições meteorológicas vs condições climatológicas

Efetivamente trata-se da abordagem de um mesmo fenómeno, o sistema atmosférico do planeta, mas com diferentes escalas temporais. Assim, quando falamos de tempo, estamos a referir-nos a uma análise interpretativa, decorrente da monitorização de variáveis atmosféricas, correspondendo a um curto período que pode representar no máximo semanas, e que reflete, a condição momentânea da atmosfera, traduzindo-se naquilo que são as previsões meteorológicas, e que todos diariamente consultamos para perspetivar se o dia será solarengo ou chuvoso. Aqui entende-se a atmosfera sob um prisma meteorológico.

Por outro lado, pode dizer-se que o clima está relacionado com a dinâmica que prefigura a evolução do conjunto de variações dos elementos (temperatura, humidade, pressão, massas de ar, insolação, precipitação e radiação solar) e fatores climáticos (latitude, orografia, proximidade de massas de água, solos, vegetação, correntes marítimas e interferência antrópica) que caracterizam durante um longo período, o estado médio da atmosfera numa dada região.

Climaticamente, existe repetição de padrões, contudo a inconstância rege os estados de tempo.

Intervém na distribuição de espécies animais e vegetais, na formação dos solos e no relevo. Isto é, classifica a atmosfera em resultado de uma intensiva e ininterrupta monitorização de registos diários de “estados do tempo”, concetualizando as características climatológicas de uma área geográfica, por exemplo, as regiões de clima temperado, tropical ou desértico.

Convém reiterar que, apesar de inter-relacionados, estado do tempo e clima caracterizam estágios diferentes. É indiscutível que temos vivenciado a sistemática ocorrência de díspares “estados do tempo”, que parecem desalinhados com as estações do ano, contudo, estas nuances do sistema atmosférico não devem imediatamente ser associadas a qualquer mudança climática, uma vez que uma alteração num padrão climático só é estabelecida pela diferença entre os valores médios de um parâmetro climático e o seu historial estatístico, considerando períodos homólogos, estes, suficientemente longos, geralmente décadas.

Perceber assim que, ciclicamente, ocorrem oscilações climáticas, as quais, perduraram por vários séculos, diferente de oscilações irregulares que personificam flutuações de uma para outra semana, de um a outro mês, ou de um a outro ano. Pela sua volubilidade, às vezes, o estado do tempo manifesta-se de modo extremo, através de episódios de cheias em regiões de clima temperado, como já aconteceu na Europa Central e de Leste, consequência de intensa precipitação. Também sob forma de secas em regiões de clima subtropical, como a que severamente assolou Santa Catarina no Rio Grande do Sul em janeiro de 2012, com um anormal Estio de mais de dois meses.

Ora, a necessidade de recalibração do sistema atmosférico, é uma constante inevitável ao equilíbrio do mecanismo climático que permite a existência de vida no planeta, pelo que como elemento integrante nesta dinâmica, o Homem assume a missão de a respeitar e criar ferramentas para progressivamente melhor a conhecer e lidar!