Temos de ‘acordar’ para a potencial ameaça dos microplásticos

O plástico tornou-se um material essencial no nosso quotidiano. No entanto, a maioria das pessoas desconhece a ameaça dos microplásticos para a saúde humana. Eles estão presentes no sal, nos alimentos, no ar e na água. Saiba mais aqui!


A Humanidade tem usado plásticos nos últimos 50 anos. Os pequenos fragmentos resultantes daí são os microplásticos que são nocivos para a saúde humana.

O perigo é maior quando o plástico se fragmenta em pequenos pedaços, originando os microplásticos, invisíveis a olho nu. "Não pode ser visto, não pode ser cheirado, não pode ser ouvido, mas pode ser interrompido." Este é o aviso emitido pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA acerca do envenenamento por monóxido de carbono de aquecedores defeituosos.

Pode ser aplicado também a uma ameaça recentemente reconhecida, exceto a última parte. Microplásticos não podem ser vistos, não podem ser cheirados, não podem ser ouvidos e, também não podem ser parados. Como resultado de nosso vício de 50 anos em plástico, os microplásticos estão agora omnipresentes no meio ambiente. Estes pequenos fragmentos, formados como plásticos separam-se em pedaços de dimensão cada vez mais reduzidas e são encontrados no solo, na água e no ar.

Chovem sobre nós 24 horas por dia, 7 dias por semana e entram na cadeia alimentar e no abastecimento de água. Há pouca ou nenhuma perspetiva de os limpar, e a carga vai inevitavelmente piorar à medida que as (quase) 8 biliões de toneladas de plástico que fabricamos no século passado se forem decompondo, mas não se biodegradarem.

Até agora, a preocupação com os microplásticos focou-se largamente na vida selvagem e no meio ambiente, e há provas dos danos a ambas as dimensões. Contudo, de momento, a atenção virou-se para nós. O que é que estas partículas fazem, se é que fazem alguma coisa, ao corpo humano?

Neste item, existem mais perguntas do que respostas. Para colocar a nossa ignorância em perspetiva, nem sabemos de verdade se os fragmentos mais pequeninos, designados de nanoplásticos, realmente existem, mesmo sendo eles considerados como os mais perigosos para a nossa saúde.

Os microplásticos podem ser tóxicos

Quando escapa para o meio ambiente, o microplástico atua como captador de poluentes orgânicos persistentes (POPs) altamente nocivos. Dentro desses poluentes estão os PCB's, os pesticidas organoclorados, o DDE e o nonifenol. Os POP’s são tóxicos e estão diretamente associados às disfunções hormonais, imunológicas, neurológicas e reprodutivas. Eles permanecem durante muito tempo no ambiente e, uma vez ingeridos, possuem a capacidade de se fixarem na gordura do corpo, no sangue e nos fluídos corporais de animais e humanos.

A boa notícia nisto é que os investigadores científicos estão a ‘acordar’ para esta potencial ameça e a lutar para encontrar respostas. A má notícia é que levaremos anos para avaliar o problema adequadamente. Até hoje, o financiamento tem sido insignificante: somente alguns milhões de euros. Os fabricantes de plástico que fizeram fortuna com isto podem considerar colocar a mão ao bolso, talvez iniciar a pesquisa de tecnologias que limpe as quantidades cada vez maiores de resíduos.