Quase 100 novas espécies de vespas de Darwin encontradas na montanha da floresta tropical

Cerca de 100 espécies de uma vespa que se pensava residir em climas frios foram observadas numa montanha da floresta tropical brasileira.

Vespas de Darwin encontradas na montanha da floresta tropical
Foram encontradas noventa e oito espécies de vespas de Darwin, quase todas desconhecidas dos cientistas.

Foram descobertas quase 100 espécies de vespas de Darwin que vivem numa montanha da Mata Atlântica brasileira. Pensa-se que estes insetos são raros nos trópicos, mas esta nova descoberta reforça a teoria de que também podem viver em regiões mais quentes.

Além disso, quase três quartos das espécies não puderam ser nomeadas, o que sugere que pode haver muito mais espécies de vespas que os investigadores ainda não conhecem.

O estudo, publicado na revista Insects, oferece mais uma prova da biodiversidade da Mata Atlântica brasileira e da importância de proteger e restaurar a terra dos efeitos das alterações climáticas e das atividades antropogénicas.

'Criatura fascinante'

As vespas de Darwin estão entre os grupos de invertebrados mais diversificados e importantes do mundo. A diversidade de um grupo de espécies varia consoante a sua localização, no entanto, pouco se sabe sobre a forma como a diversidade de invertebrados muda de um local para o outro - o que pode dificultar os esforços de conservação.

Investigadores da Universidade de York analisaram um grupo de vespas de Darwin localizado na Mata Atlântica brasileira para compreender a sua frequência num ambiente tropical e a sua contribuição para a biodiversidade da região.

"Durante muito tempo, acreditou-se que as vespas de Darwin preferiam climas mais moderados, mas relatos recentes da sua diversidade em locais tropicais começaram a questionar essa suposição. Podem ser encontradas em números variáveis em todos os continentes do mundo, exceto na Antártida, pelo que são uma criatura particularmente fascinante", explica o Dr. Peter Mayhew, do Departamento de Biologia.

Encontrámos, apenas numa montanha da floresta tropical, 98 espécies destas vespas, três quartos das quais não se sabe o nome.

Os investigadores encontraram uma elevada biodiversidade das espécies nas altitudes médias e baixas da montanha, mas não nas altitudes elevadas, o que, segundo Mayhew, lhes dá uma ideia de onde concentrar os esforços de conservação.

"Foi uma surpresa ver o nível de diversidade ao longo dos seis meses do nosso estudo", acrescenta Mayhew. "Do tipo de vespa que analisámos, existem 1700 espécies descritas em todo o mundo e cerca de 109 no Reino Unido. Encontrámos, apenas numa montanha da floresta tropical, 98 espécies destas vespas, três quartos das quais não puderam ser nomeadas."

À medida que o trabalho continua, os investigadores poderão ser capazes de dar nome a algumas delas, mas Mayhew acredita que há uma "forte probabilidade de muitas serem espécies que nunca encontrámos antes".

Sobrevivência de parasitas

As vespas reproduzem-se parasitando outros insetos e aranhas até atingirem a idade adulta; isto ajuda a manter as populações de insetos reguladas e permite a coexistência de muitas espécies diferentes, mas torna-as vulneráveis às ameaças humanas, o que reduz o número de insetos que podem escolher como corpos hospedeiros.

Pensa-se que as vespas de Darwin e outras vespas que parasitam outros insetos podem ser mais diversas do que os escaravelhos; foram descritas cerca de 80 000 espécies de vespas parasitas, mas é necessário mais trabalho para compreender como as suas populações sobrevivem numa vasta gama de ambientes a nível mundial.

Os investigadores esperam que as suas descobertas contribuam para campanhas de redução da desflorestação na floresta tropical e para o estabelecimento de programas de conservação que incluam este grupo diversificado de espécies.