Professores do secundário mais resistentes à IA: estudo revela desafios da adoção de chatbots
Professores do secundário resistem à IA por plágio e pela sobre-confiança exigindo formação focado na deteção e gestão do seu uso. Saiba mais aqui!

O artigo investiga as perceções imediatas, preocupações e necessidades de desenvolvimento profissional de professores em relação à inteligência artificial (IA) generativa, como o ChatGPT, num grande distrito escolar urbano. Utilizando uma abordagem de métodos mistos, o estudo analisou 1454 respostas a inquéritos de professores para compreender como as atitudes em relação aos chatbots de IA estão associadas a características como o nível de ensino, área disciplinar e a experiência profissional.
O que nos indica o estudo?
Os achados indicam que a resistência dos professores ao uso de chatbots de IA aumentou com o nível de ensino.
Especificamente, a probabilidade de permitir o uso de IA para tarefas como gerar ideias, edição de trabalhos, escrita completa de trabalhos, explicação de conceitos e gerar código diminuiu à medida que o nível de ensino subia (do básico ao secundário).

A experiência profissional também influenciou as atitudes. Professores do ensino básico com mais experiência (mais de 10 anos) foram significativamente menos propensos a permitir o uso de IA para atividades de suporte à escrita em comparação com os professores com menos experiência.
Além disso, professores mais experientes que lecionam disciplinas centrais foram mais propensos a proibir o uso de chatbots para edição ou conclusão de trabalhos.
Os benefícios e as preocupações
O estudo também comparou os benefícios e preocupações percebidas para professores e alunos. O teste de Qui-quadrado revelou que os professores tinham opiniões significativamente diferentes sobre os benefícios e preocupações da IA quando consideravam o seu uso para si próprios versus para os alunos.
No entanto, o plágio/uso indevido da IA foi visto como uma preocupação muito maior para os alunos (26,35% dos professores) do que para os professores (3,35%). Por outro lado, a desinformação foi identificada como uma preocupação mais significativa para os professores (13,58%) do que para os alunos (3,17%).

Relativamente aos benefícios percebidos, os professores valorizaram a melhoria da eficiência (13,62%) e o apoio na preparação de planos de aula ou materiais (21,41%) como os principais benefícios para si próprios. Para os alunos, o principal benefício identificado foi a procura/recuperação de informações (20,33%).
As necessidades de desenvolvimento profissional dos professores também variaram significativamente por nível de ensino.
Todos os níveis partilharam a necessidade de aprender a utilizar a IA de forma apropriada para fins pedagógicos.
- Os professores do ensino básico e do 2º e 3º ciclos do ensino básico priorizaram a literacia básica em IA.
- Os professores do ensino secundário focaram-se em estratégias para orientar os alunos no uso da IA (12,19%) e detetar trabalhos gerados por IA (11,70%).
O estudo conclui que os achados oferecem pontos de partida para o desenvolvimento de programas de desenvolvimento profissional e políticas direcionadas para a integração eficaz da IA nos níveis de ensino Básico e Secundário. Estes programas devem abordar as preocupações pedagógicas específicas de cada nível, especialmente a resistência observada nos níveis de ensino mais altos.
Referência da notícia
Chen, R., Lee, V.R. & G Lee, M. A cross-sectional look at teacher reactions, worries, and professional development needs related to generative AI in an urban school district. Educ Inf Technol 30, 16045–16082 (2025). https://doi.org/10.1007/s10639-025-13350-w