Previsões meteorológicas para a dor crónica? Isto pode tornar-se realidade em breve!

As condições atmosféricas influenciam a dor em casos de artrite e enxaqueca, e investigações indicam que existe um interesse crescente em previsões de dor forte baseadas no tempo.

Previsões meteorológicas para dor crônica? Isso pode virar realidade!
Condições atmosféricas influenciam a dor crónica de formas inusitadas e existe um interesse crescente em previsões de dor baseadas no tempo. Imagem: David Garrison

Também tem um tio ou tia que sabe sempre quando é que vai chover? Eles dizem que a artrite no joelho, ou nalguma outra parte do corpo, dói quando o tempo está para mudar? Por todo o mundo, pessoas que sofrem de dor crónica têm um inimigo em comum: o tempo. E não pense que o seu tio é louco, ele pode ter alguma razão.

Já há muito tempo, os pacientes notam e reclamam que, em dias mais frios ou chuvosos, a dor aumenta. Isto acontece porque, quando há uma mudança de tempo e vai chover, a pressão atmosférica tende a diminuir, fazendo o tecido corporal inchar levemente. O resultado disto? Os nervos são estimulados, o que causa dor. Quando arrefece, o efeito é oposto, ou seja, em vez de o tecido inchar ele acaba por se contrair. Isto puxa os nervos, e também causa dor.

Estamos a encontrar relações cada vez mais consistentes entre os padrões climáticos e a dor, e por isso, previsões de dor com base no tempo agora estão a parecer mais viáveis - Christopher Elcik, University of Georgia.

Graças a isto, o tempo pode resultar em dias péssimos para quem sofre de dores crónicas. Um estudo recente da Universidade da Geórgia descobriu que cerca de 70% das pessoas entrevistadas ficariam interessadas em previsões meteorológicas que indicassem quando há maior ou menor chance de uma dor crónica se intensificar.

Como a investigação sobre dor crónica e meteorologia funcionou?

Cerca de 4600 indivíduos foram entrevistados. Entre os que sofrem de enxaqueca, 89% identificaram o tempo como algo que afeta a sua dor e 79% consideraram o tempo como um importante gatilho para a dor. Indivíduos com outras condições, como artrite, também identificaram os padrões climáticos como um fator muito importante e que pode desencadear dor.

Previsões meteorológicas para dor crônica? Isso pode virar realidade!
A maioria dos indivíduos com condições de dor crónica identificaram os padrões climáticos como um dos fatores mais importantes na intensificação da dor. Imagem: Kindel Media

Se houvesse uma previsão que indicasse risco hipotético alto de dor, mais de metade dos entrevistados disseram que tomariam medidas preventivas, como utilizar alguma medicação, ficar de repouso ou evitar atividades agravantes.

Entre os entrevistados, o desejo por uma ferramenta de previsão foi extremamente alto. 72% das pessoas que vivem com enxaqueca e 66% das que convivem com outras dores revelaram que cancelariam planos ou tomariam medidas preventivas em resposta a uma previsão meteorológica de dor intensa.

Esta resposta foi generalizada. Todos estavam mais propensos a cancelar planos se o risco previsto fosse maior - Christopher Elcik, University of Georgia.

Já existem algumas ferramentas de previsão de artrite ou enxaqueca através das condições atmosféricas. No entanto, há pouca informação disponível sobre a maneira como as previsões são calculadas e as variáveis levadas em consideração. Este estudo destaca a importância de se investigar melhor e desenvolver recursos mais robustos.

Os cientistas já perceberam o problema. Agora, é só uma questão de tempo até que as previsões meteorológicas de dor estejam mais amplamente disponíveis para a população. Enquanto isto, para evitar a dor crónica, a sua melhor aposta é levar uma vida mais saudável: realizar atividades físicas com regularidade, manter-se com um peso saudável, não fumar, estabelecer uma dieta com pouco açúcar e reduzir o consumo de bebidas alcoólicas.

Referência da notícia:
Christopher J. Elcik, Christopher M. Fuhrmann, Scott C. Sheridan, Kathleen Sherman-Morris, Andrew E. Mercer. Perceptions of weather-based pain forecasts and their effect on daily activities. International Journal of Biometeorology, 2023.