Número de mortes devido aos relâmpagos está a aumentar ou a diminuir?

De acordo com estudo dos Estados Unidos, a taxa de mortalidade devido aos relâmpagos está a diminuir nos países desenvolvidos. Mas será assim também nos países em vias de desenvolvimento? Saiba aqui!

Relâmpagos
Os raios são uma das principais causas de morte relacionadas com fenómenos meteorológicos. Fonte: Wikimedia Commons

Segundo um estudo publicado na AMS Journals, existe uma grande diferença nas taxas de mortalidade por raios ponderadas pela população, entre as taxas de mortalidade mais baixas nos países desenvolvidos e as taxas de mortalidade mais elevadas nos países em desenvolvimento.

Os Estados Unidos, a Austrália, o Canadá, o Japão e a Europa Ocidental registaram uma redução nas taxas de mortalidade por raios nos últimos anos.

Um aspeto importante que acompanhou a redução das taxas de mortalidade foi a disponibilidade generalizada de grandes edifícios à prova de raios e de veículos com capota metálica totalmente fechada, bem como previsões meteorológicas modernas muito mais precisas, existe um melhor tratamento médico e disponibilidade de informação em tempo real sobre os raios.

No entanto, a exposição aos raios para muitas pessoas nos países menos desenvolvidos é semelhante à de há um século nos países desenvolvidos.

O número de pessoas que vivem nestas áreas pode estar a aumentar, por isso o número de pessoas mortas por raios pode estar a aumentar globalmente devido a estes fatores socioeconómicos.

Eletrocutado através do solo

Segundo os cientistas, a principal teoria é que a carga elétrica acumula-se, normalmente em nuvens de tempestade cumulonimbus, quando o granizo e as partículas de gelo mais pequenas colidem. O granizo fica carregado negativamente e acumula-se na base da nuvem, enquanto as partículas de gelo ficam carregadas positivamente e são impelidas para o topo da nuvem pelas correntes de ar ascendentes.

Agora, para explicar o processo dinâmico da formação de relâmpagos, a base da nuvem com carga negativa é atraída pelas cargas positivas do topo da nuvem, de outras nuvens e de objetos na superfície da Terra, como edifícios, árvores e, por vezes, pessoas. Quando estas cargas negativas e positivas se igualam, produz-se uma descarga luminosa do relâmpago. Devido ao rápido aquecimento do ar, produz-se um trovão.

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O Professor Ryan Blumenthal, um patologista forense da Universidade de Pretória, na África do Sul, estudou os cenários sinistros em que os seres humanos são frequentemente mortos ou feridos por uma tempestade com raios.

É uma ciência designada keraunopatologia (do grego keraunós, relâmpago). Algumas vítimas são atingidas diretamente por um raio, outras por tocarem ou estarem perto de objetos que são atingidos. Algumas são eletrocutadas através do solo. Ocasionalmente, as pessoas ficam tão carregadas positivamente que os raios saem dos seus corpos para uma nuvem de tempestade.

Blumenthal diz que a gama de lesões é surpreendentemente diversificada. Há efeitos imediatos como queimaduras na pele, cabelos chamuscados, lesões oculares provocadas pela luz intensa, lesões neurológicas, lesões nos órgãos internos, perda de audição e paragem cardíaca.

Mas também há efeitos a longo prazo. Algumas vítimas referem dores de cabeça, perda de memória, falta de concentração, dores crónicas e até alterações de personalidade.

Como evitar os raios

A Sociedade Real para a Prevenção de Acidentes dá conselhos claros. "O ideal é abrigar-se dentro de um grande edifício ou de um veículo motorizado, mantendo-se afastado de espaços amplos e abertos e de telhados expostos", afirmam. "O interior de um carro é um local seguro em caso de tempestade; os relâmpagos propagam-se através do metal do veículo antes de atingirem os pneus".

A sociedade alerta para a necessidade de se abrigar debaixo de árvores altas ou isoladas. "Estima-se que uma em cada quatro pessoas atingidas por um raio abriga-se debaixo de árvores", acrescentam. E para quem estiver a nadar ou a passear de barco na água, o conselho é "ir para a costa e para praias largas e abertas o mais depressa possível, uma vez que a água transmite os relâmpagos de mais longe".

Mas e se estivermos ao ar livre, expostos aos raios, sem abrigo? "Faça de si um alvo tão pequeno quanto possível, agachando-se com os pés juntos, as mãos nos joelhos e a cabeça para dentro", aconselha a sociedade. "Esta técnica mantém-no o mais afastado possível do chão".

Referência do artigo:
Ronald L. Holle "A Summary of Recent National-Scale Lightning Fatality Studies" (2016).