Géiseres, os 'espirros' do planeta!

O planeta Terra é um lugar que personifica a obra contínua do agente tempo. Um sistema dinamicamente vivo que exibe fenómenos naturais, como os géiseres, incubando incríveis formas de vida que constituem a biota do próprio planeta. Saiba mais aqui!

Crusta da Terra
A constituição da crusta do planeta divide-se em 46% de oxigénio, 28% silício, 8% alumínio, 6% ferro, 4% magnésio, 2,4% cálcio, 2,3% potássio e 2,1% de sódio.

Formada a partir de uma nebulosa fria, e com grande parte da matéria como gases, em estado sólido, a Terra resulta de um processo de acreção iniciado há aproximadamente 4.6 giga anos, e cujos vários estágios possibilitaram o seu progressivo crescimento até à atual dimensão. Durante os conturbados primeiros 500 milhões de anos, o planeta Terra foi continuamente bombardeado com inúmeros planetesimais cujo impacte gerou densa poeira, com fragmentos de dimensões heterógeneas armazenadas estratificadamente.

Os materiais rochosos que iam revestindo a Terra, pela baixa condutividade térmica, foram arquivando calor nas profundezas do planeta, contribuindo para o progressivo aumento da sua temperatura, estimando-se que no seu primeiro bilião de anos de vida, à profundidade de 500 a 700 km, a temperatura oscilava entre os 1000 e 1800 ⁰C. Foram as temperaturas desta ordem de grandeza que levaram à fusão do ferro metálico, o qual se tornou móvel, tendo, devido à sua elevada densidade, se deslocado progressivamente para o interior do planeta, enquanto os materiais menos densos (silicatos e outros compostos com oxigénio, água e gases) migrassem para as regiões mais superficiais.

Sondagens de penetração demonstraram aumento progressivo de temperatura, com acréscimo de 30 a 40 ⁰C por km de profundidade, podendo o núcleo registar cerca de 5500 ⁰C. Esta, apesar de camada mais interna do planeta, desempenha preponderante função ao gerar a dinâmica magnética que mantém a atmosfera e desvia os nefastos efeitos dos ventos solares sobre a Terra.

Porém, não obstante os 6350 km de raio do planeta, ocorre uma imprescindível desaceleração no mecanismo de aumento da temperatura em função da profundidade, uma vez que, se isso não acontecesse, a temperatura no interior do planeta seria tão elevada que praticamente toda a Terra estaria em estado líquido, contrariando a asserção geofísica do núcleo interno, manto e crusta semi-sólidos viscosos e sólidos. Aluda-se porém que, decorrente da atividade sísmica e vulcânica, o planeta está continuamente a perder calor e a reajustar a energia que armazena no seu interior, processo inevitável para evitar a sua explosão.

Dados geofísicos mostram que a Terra possui um núcleo constituído basicamente por ferro metálico, envolto por um material rochoso de menor densidade, que constitui o manto e a crusta.

Uma contínua dinâmica de vida

A Terra como planeta ativo, liberta parte da sua energia para o exterior através de fissuras na crusta, como as fontes termais, por onde são expelidas, em intervalos mais ou menos regulares, colunas de água fervente, podendo estas atingir dezenas de metros de altura. Falamos dos géiseres. Fenómenos do mundo natural do planeta, cuja formação requer específicas condições hidrogeológicas, daí só se encontrarem em áreas onde já ocorreu atividade vulcânica, e onde cumulativamente existem rochas sujeitas a altas temperaturas por ação do magma do interior da Terra, águas subterrâneas e uma rede de condutas com saída para a superfície.

Géiser
Os géiseres ocorrem nas regiões de vulcanismo moderno, como atividades finais do vulcanismo, onde impera forte cheiro a enxofre.

Trata-se de um processo que decorre numa extensa escala temporal que marca espacialmente a ocorrência de vulcanismo. Mesmo milhares de anos após a erupção de um vulcão, a zona submersa, as câmaras magmáticas ainda concentram calor que é transmitido para bolsas, reservatórios de água, formados no subsolo por efeito da infiltração à superfície.

À mercê da concentrada pressão calorífica, a água aquece, entra em ebulição, e bolhas de vapor ascendem até encontrarem uma barreira de contenção, a água mais fria, no topo canal. Aí, a pressão da água quente irrompe a tensão superficial e explode para o exterior sob a forma de jato, o qual, após a extinção da pressão da água, mingua, e entra em preparação de um novo ciclo que pode espaçar-se no tempo por minutos ou horas.

Por todo o planeta contabilizam-se cerca de um milhar de géiseres

Da Islândia (Geysir, o mais antigo conhecido, tendo denominado este fenómeno) à Nova Zelândia (Taupo), da Rússia (Dolina Geiserov, a segunda maior concentração de géiseres no planeta) ao Chile (El Tatio, nas montanhas andinas, a 4000 m de altitude), do Quénia (Lago Bogoria, Vale do Rift, com 20 géiseres e a maior reserva de flamingos do mundo), aos EUA (Parque Yellowstone, com cerca de 500 géiseres ativos).

Este parque nacional norte-americano, com 8983 km², é lar de cerca de 50% dos géiseres ativos do mundo, situando-se na caldeira de um antigo e gigantesco vulcão. Neste, ocorrem assombrosos fenómenos geotérmicos, como o Steamboat, o géiser ativo mais alto do planeta, ostentando 91 m. Porém, este fenómeno não ocorre unicamente impulsionado pela pressão do vapor de água quente. Andernach Géiser, situa-se na Alemanha, e é ativado pelo dióxido de carbono concentrado na água fria!

Esta manifestação da natureza pode ocorrer de duas formas. Denominados de geiseres de fonte, quando explodem violentamente e em série, localizados em espelhos de água, em lagoas; e os mais comuns, os geiseres de cone que, através de um pequeno monte, similar a uma erupção vulcânica, expelem um fluxo continuo de água durante alguns segundos ou minutos.

Efetivamente, a pressão, em associação com a água, impelem à fruição da vida. Permitem a contínua renovação do crescimento e desenvolvimento do planeta e por inerência crepitam fluidos que impelem à fomentação da vida. Da intrínseca dinâmica modeladora, à assombrosa beleza, os géiseres representam a forma selvaticamente natural que demonstra a vivacidade do planeta Terra.