Equações simples para análise da nebulosidade podem suportar os modelos das projeções climáticas

Uma investigação publicada na revista Nature Geoscience revela avanços cruciformes na compreensão do papel das nuvens no aquecimento global, reduzindo significativamente a incerteza em matéria de projeções climáticas.

Uma nova investigação reforça o papel das nuvens no aquecimento global. Reforça também o entendimento sobre as nuvens cumulonimbus.

Uma nova investigação, publicada na revista Nature Geoscience, e liderada pela Universidade de Exeter e pelo Laboratoire de Météorologie Dynamique, em Paris, aponta para avanços significativos na compreensão do impacte das nuvens no aquecimento global. Através de equações simples, os cientistas conseguiram reduzir a incerteza sobre como as nuvens, especialmente cumulonimbus, irão afetar as alterações climáticas no futuro.

Redução da incerteza nas projeções climáticas

Os investigadores participantes no projeto desenvolveram um modelo que prevê de forma mais precisa o impacte das nuvens no aquecimento global ao se concentrarem nas características básicas das nuvens, tais como a área de superfície e a temperatura originada a posteriori. Testando o modelo com base nas observações atuais, confirmam a eficácia e reduzem a incerteza associada às projeções climático-meteorológicas.

Segundo o primeiro autor, Brett McKim, "o impacte das nuvens é a maior área de incerteza nas projeções do aquecimento global. Neste estudo, conseguimos reduzir significativamente esta incerteza, o que representa um avanço importante para a climatologia".

A investigação centrou-se, principalmente, nas nuvens do tipo cumulonimbus, comuns nos trópicos e zonas temperadas, cuja área de superfície tem sido uma fonte de incerteza considerável.

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O modelo desenvolvido pelos cientistas mostrou que as mudanças na área destas nuvens têm um impacte muito mais reduzido no aquecimento global do que o que era apontado na literatura de referência.

"O nosso estudo simplificou as nuvens em características básicas, o que permitiu escrever equações e criar um modelo testável. Atestámos que as mudanças na área das cumulonimbus têm um impacte menor no aquecimento global do que se pensava, o que é um avanço impressionante", explicou McKim.

Desafios e próximos passos de investigação

Apesar dos avanços, permanecem alguns desafios, especialmente em relação ao brilho das nuvens e à espessura ótica, que continuam a estar pouco estudadas, designadamente no que concerne aos aspetos úteis relacionados com as projeções climáticas. Os cientistas estão neste momento focados em investigar como o aquecimento global afetará os vários aspetos da nebulosidade, procurando preencher lacunas relevantes sobre o entendimento do sistema climático.

Além disso, a investigação destaca a necessidade de abordar a espessura ótica das nuvens cumulonimbus, uma das principais fontes de incerteza identificadas no estudo. Os cientistas estão a trabalhar para a identificação das hipóteses que expliquem as mudanças na espessura ótica e aplicar estes conhecimentos para uma melhor interpretação das simulações e observações climáticas.

De facto, o trabalho realizado pelas equipas da Universidade de Exeter e do Laboratoire de Météorologie Dynamique apresenta uma ligação entre as observações climático-meteorológicas, o entendimento físico e as projeções das alterações climáticas. Estes avanços são, quanto mais não seja, importantes para orientar esforços de mitigação e adaptação perante a crise climática em que estamos enredados.

Referência da notícia:

McKim, B., Bony, S., & Dufresne, J. L. (2024). Weak anvil cloud area feedback suggested by physical and observational constraints, Nature Geoscience. DOI: 10.1038/s41561-024-01414-4