Zangão, uma espécie em vias de extinção!

As populações desta espécie podem estar ameaçadas, a curto ou a médio prazo, devido às alterações climáticas e à crescente perda dos habitats. Fique a saber mais sobre este assunto, connosco!

Zangão
Tanto os zangões como as abelhas desempenham um papel fulcral na atividade agrícola, pois são responsáveis pela polinização.

Um estudo, coordenado por um investigador da Universidade Livre de Bruxelas, indica que a evolução da população das espécies de abelhas que povoam o continente europeu pode estar seriamente comprometida. Esta situação acontece devido a vários fatores, dos quais se destacam as alterações climáticas, a poluição atmosférica, a utilização abusiva e indevida de pesticidas, bem como a utilização insustentável dos solos.

Nem as espécies de abelhas que vivem mais a Norte, ou mesmo em ambientes de montanha (altitude) parecem escapar a estas alterações (...)

Ao que tudo indica, todos os territórios europeus abaixo dos 60º de latitude Norte poderão tornar-se inadequados para serem os habitats das abelhas e dos zangões, que por sua vez desempenham um papel fundamental na polinização tanto de culturas como de plantas selvagens. Um quarto das várias espécies de zangões e de abelhas, apesar de terem corpos bastante adaptados às mudanças da temperatura, estão neste momento a enfrentar a extinção, na Europa.

Se nada for feito para travar as emissões antropogénicas de gases com efeito de estufa (GEE), tendo em conta as atuais tendências demográficas e de uso do solo no continente europeu, é expectável que perto de 80% das espécies de abelhas autóctones poderão perder aproximadamente 30% da sua área de habitat. Estes dados fazem com que um conjunto de espécies que até agora estavam classificadas como “pouco preocupantes” pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), fiquem em risco de extinção.

Conclusões e possíveis soluções

Os autores deste estudo avaliaram um conjunto de cenários de desenvolvimento socioeconómico, tendo em conta emissões de GEE baixas, moderadas ou elevadas. Assim, na melhor das hipóteses, com emissões baixas de GEE, é expectável que 32% das espécies de abelhas possam perder pelo menos 30% da área do seu habitat. Nem as espécies de abelhas que vivem mais a Norte, ou mesmo em ambientes de montanha (altitude) parecem escapar a estas alterações, pois podem perder até 90% da área dos seus habitats.

O mesmo estudo conclui que a espécie de zangão mais comum no espaço europeu, o Bombus terrestris poderá assistir a uma mudança significativa na sua distribuição geográfica: atualmente consegue deslocar-se até perto do Deserto do Sahara, mas em 2080 pode não passar do centro de França. São precisamente os países da Europa central, nomeadamente a França, a Bélgica, os Países Baixos e a Alemanha que mais têm interferido nos habitats dos zangões.

Uma das áreas da Europa que poderá servir de refúgio, tanto a abelhas como a zangões é a Península Escandinava, a Península de Kola e a área entre ambas. Este espaço, politicamente dividido entre a Finlândia, a Noruega, a Suécia e a Rússia, poderá abrigar no futuro um conjunto alargado de espécies pois as temperaturas são, em média, mais baixas e há vastas áreas de território que permanecem praticamente livres da influência da ação humana.