Temperatura recorde a grande altitude na Suíça: zero graus a 5.184 metros!

Um recorde de temperatura na Suíça foi confirmado. A agência meteorológica nacional informou a 25 de julho que a isoterma 0 tinha excedido a altitude de 5000 m pela segunda vez, mas desta vez ultrapassou o limite anterior. E tudo sob o contexto atual da onda de calor vivida na Europa.

Os Alpes
A uma cota de 5.184 metros foram atingidos os zero graus. Isto foi resultante da recente onda de calor que sufocou a Europa e que provocou numerosos incêndios.

A atual onda de calor favoreceu a subida da isoterma zero na Suíça. O nível de congelação é normalmente inferior a 5.000 metros de altitude: no entanto, na madrugada de segunda-feira, 25 de julho, foi registado a uma altitude de 5.184 metros, segundo declarado pela MeteoSwiss, o Gabinete Federal de Meteorologia e Climatologia da Suíça. A medição foi feita com uma balão-sonda lançado a partir da estação de Payerne.

Anteriormente, tinha sido atingido um recorde de 0 °C a 5,117 metros: desde 1995 que a isoterma zero não ultrapassava os 5.000 metros. Tendo em conta que o ponto mais alto da Suíça é o Dufourspitze (Pico Dufour) a 4.634 metros, todos os picos montanhosos do país estavam, nesse momento, com temperaturas superiores a zero graus. Esta situação desestabiliza os glaciares e as massas rochosas, podendo levar à queda de gelo glacial e a deslizamentos de terra, dado que não caiu muita neve durante o inverno.

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Como se observa na sondagem realizada em Payerne (Suíça) durante a madrugada de 25 de julho, a isoterma 0 °C atingiu uma altitude de 5184 m. Fonte: @meteosuisse.

Esta última medição bateu um recorde de quase 30 anos. O evento está ligado a uma massa de ar quente que durante a noite de 25 de julho se estendeu para os Alpes, elevando a temperatura em vários pontos. Durante o verão, as altas temperaturas também prejudicaram estes picos montanhosos, o que conduziu ao encerramento do itinerário clássico de subida à famosa montanha Jungfrau, devido ao perigo das avalanches.

Como respondem os Alpes às alterações climáticas?

Os glaciares nos Alpes estão a caminho das suas maiores perdas de massa em pelo menos 60 anos de registos, segundo comentado num comunicado da Reuters. Os cientistas analisam a taxa de derretimento de um glaciar a partir da diferença entre a quantidade de neve que caiu no inverno e a quantidade de gelo que derrete no verão. Desde o inverno passado, duas ondas de calor atingiram os Alpes e as consequências têm sido devastadoras.

Com as alterações climáticas, a maioria dos glaciares do mundo está a recuar. Além disso, os Alpes, por possuírem uma extensão menor e uma camada de gelo delgada, têm estado mais expostos às temperaturas extremas. Entretanto, têm-se observado um aumento da temperatura nos Alpes em torno dos 0,3 °C por década: estão a aquecer mais rápido e aproximadamente o dobro da média global, destaca a Reuters.

As projeções climáticas indicam que "se as emissões de gases com efeito de estufa continuarem a aumentar, espera-se que os glaciares nos Alpes percam mais de 80% da sua massa atual até 2100". Tendo em conta a situação atual, teme-se que os glaciares possam desaparecer antes do previsto. "Estamos a ver que os resultados do modelo esperados para daqui a algumas décadas no futuro estão a acontecer agora", diz Matthias Huss, diretor da Glacier Monitoring Switzerland (GLAMOS). Se não forem tomadas medidas a tempo, os glaciares estão destinados a perecer e esta é uma notícia terrível.