Surpresa em África: a poluição do ar diminuiu e a economia prospera

A qualidade do ar está a melhorar numa das regiões de crescimento mais rápido do continente, descobriram os investigadores. Se esta tendência se mantiver, será uma boa notícia para a saúde humana e para as alterações climáticas. Saiba mais aqui!

Desenvolvimento e crescimento das cidades.
Boas notícias para as alterações climáticas: a qualidade do ar está a melhorar em alguns locais de África.

Os países de rápido crescimento observam, por norma, aumentos acentuados na poluição do ar, à medida que a sua população e economia se expandem. Contudo, um novo estudo sobre a qualidade do ar em África descobriu o oposto: uma das regiões mais vibrantes do continente está a tornar-se menos poluída – Lagos, Nigéria.

O que costuma acontecer em países que se desenvolvem rapidamente é que os níveis de poluição aumentam. Na Nigéria está a acontecer o contrário, pelo que se torna um objeto de estudo interessante.

O estudo, publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou que os níveis de óxido de nitrogénio, um subproduto da combustão, no Norte da África Subsariana, diminuíram drasticamente, à medida que a riqueza e a população na área aumentaram.

A razão, de acordo com os investigadores, é que o aumento da poluição proveniente da indústria e transporte na área estudada - do Senegal e Costa do Marfim, a Oeste ao Sudão do Sul, Uganda e Quénia, a Leste - parece ter sido compensado por um declínio no número de incêndios provocados pelos agricultores.

Os incêndios e a poluição

Embora não seja um grande poluidor industrial como a Ásia e a América do Norte, África há muito tempo que é local de queima de biomassa generalizada durante a estação seca.

A queima da vegetação é considerada um método barato e eficiente de limpar a terra na preparação para a estação de plantio. A queima tem, ainda, a vantagem de reter nutrientes minerais no solo. Porém, as consequências para a saúde humana e para as alterações climáticas não são as melhores.

O novo estudo utilizou dados e imagens de satélite da NASA para medir gases perigosos presentes no ar da região e determinar as tendências de incêndio entre 2005, quando os registos da NASA começaram, e 2017.

No pico das temporadas dos incêndios, os níveis de dióxido de nitrogénio, ou NO2, o gás produzido pelo tráfego rodoviário e pela combustão de outros combustíveis fósseis e vinculado a problemas respiratórios como a asma, diminuiu 4.5% na baixa atmosfera.

Esta descoberta é importante porque a crescente população de África, atualmente de 1.2 biliões, mas que deve chegar a 2 biliões em 2040, está a desenvolver-se rapidamente. A poluição ultrapassou a SIDA como a principal causa de morte no continente, pois os governos, muitas vezes, priorizam o crescimento económico ao meio ambiente, o que significa que ainda há pouca ênfase na recolha de dados sobre a qualidade do ar ou na implementação de políticas para reverter este processo.