Situação das barragens em Portugal no mês de julho: armazenamento de água continua em queda

Com o calor do verão a aumentar e a perspetiva de pouca precipitação, a situação das barragens em Portugal Continental está cada vez mais preocupante. Várias bacias hidrográficas estão abaixo da média em armazenamento de água, com algumas albufeiras em níveis críticos.

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A situação de seca pode agravar-se durante o mês de agosto, tendo em conta que algumas das barragens portuguesas continuam a registar baixos valores de água armazenada.

Com o período de maior calor a chegar e a perspetiva de ausência de precipitação, a situação das barragens em Portugal Continental continua a ser motivo de preocupação. De acordo com dados recentes do Sistema Nacional de Informação dos Recursos Hídricos (SNIRH), o armazenamento de água nas bacias hidrográficas tem oscilado, mas continua no sobe e desce, com efeitos significativos em todo o país.

As principais tendências hidrológicas para julho de 2023

Em julho deste ano, a quantidade de água armazenada registou um valor abaixo da média em seis das bacias hidrográficas, enquanto em nove das bacias o volume de água foi superior à média do mês de julho. As bacias do Lima (96,2%), Douro (90,9%), Vouga (86,4%) e Ave (82,4%) registam os valores de armazenamento mais elevados na última semana do mês de julho.

A 24 de julho de 2023, comparativamente ao boletim anterior de 17 de julho de 2023, constatou-se um aumento no volume armazenado em 2 bacias hidrográficas, enquanto 13 bacias registaram uma diminuição.

Entre as albufeiras monitorizadas, 42% apresentam disponibilidade hídrica superior a 80% do volume total, ao passo que 16% possuem disponibilidade inferior a 40% do volume total.

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Em inícios de agosto, a Região Sul continua a mostrar uma tendência de baixo volume de água armazenado. Fonte: adaptado do Relatório do SNIRH, de 24 de julho de 2023.

Os níveis de armazenamento na terceira semana de julho de 2023, por bacia hidrográfica, superam as médias de armazenamento do mês de julho no período de 1990/91 a 2021/22, com exceção das bacias do Sado, das Ribeiras Costa Alentejo, de Mira, do Arade, das Ribeiras do Barlavento e das Ribeiras do Sotavento.

No geral, das 73 albufeiras monitorizadas, 31 possuem disponibilidade hídrica superior a 80% do volume total, enquanto em 12 albufeiras a disponibilidade está abaixo de 40% do volume total.

Crise hidrológica aprofunda-se. Algumas barragens em níveis críticos

Apesar das oscilações nos níveis de armazenamento, a situação é particularmente grave na barragem do Monte da Rocha, em Ourique, que fornece água para todo o Baixo Alentejo, e na Bravura, no Algarve. No caso em particular da barragem alentejana, há uma década que a barragem não enche e neste momento, está com apenas 9% de sua capacidade total, o que se revela muito preocupante.

O cenário é agravado pelas condições climáticas adversas que caracterizam usualmente o mês de agosto, com chuvas escassas e periódicas. A situação mostra-se particularmente desafiadora em muitas regiões do país, onde a reposição dos níveis das albufeiras e das águas subterrâneas tem sido dificultada pelos ciclos prolongados de seca.

Com o verão em curso, neste oitavo mês a previsão sazonal sugere um tempo propenso a temperaturas mais elevadas e estabilidade atmosférica em maior parte do território nacional, o que pode piorar ainda mais a situação das barragens e a disponibilidade de recursos hídricos.

Nas próximas semanas, não são esperadas anomalias significativas, não sendo contudo de descurar a possibilidade de ocorrência de condições extremas em algumas áreas de Portugal continental, onde, além dos efeitos adversos do calor excessivo para a população, incrementa a preocupação decorrente da capacidade de armazenamento e distribuição de água em algumas áreas territoriais.