Reservas hídricas em Portugal: barragens registam aumento nos níveis de armazenamento em fevereiro

A maioria das regiões registou um aumento nos níveis de armazenamento de água nas barragens durante o mês de fevereiro, mas a preocupação persiste no Algarve devido à escassez de água. Saiba mais aqui!

barragens portugal
Níveis de armazenamento são repostos em algumas regiões de Portugal, após semanas de instabilidade atmosférica, mas persiste situação crítica no sul do país.

Durante o mês de fevereiro de 2024, as barragens em Portugal apresentaram variações significativas nos níveis de armazenamento, o que reflete a dinâmica das condições hidrológicas em diferentes regiões do país.

Algumas razões para o “alento” hidrológico: tendências e variações nas bacias hidrográficas portuguesas

De acordo com os dados divulgados pelo último boletim hidrológico, em comparação com o período anterior, houve um aumento no volume armazenado em 14 bacias hidrográficas, enquanto uma única bacia registou uma diminuição.

Os números revelam que 66% das albufeiras monitorizadas apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total, enquanto 13% encontram-se com disponibilidades inferiores a 40% do volume. Esta distribuição sugere uma heterogeneidade na distribuição da água armazenada em todo o território nacional.

Apesar das oscilações observadas, os armazenamentos no final de fevereiro de 2024, por bacia hidrográfica, demonstraram-se superiores às médias históricas de armazenamento para o mesmo mês, considerando o período de 1990/91 a 2022/23. No entanto, algumas bacias, como o Ave (62,0%), o Sado (40,7%), o Mira (30,8%), o Arade (24,6%), as Ribeiras de Barlavento (7,8%) e de Sotavento (29,1%) apresentaram-se abaixo das respetivas médias. As últimas quatro bacias mencionadas encontram-se num nível crítico de armazenamento, bem abaixo dos 40%.

Crise hídrica no Algarve continua a exigir medidas ainda antes do verão

Um ponto crítico a destacar prende-se com a região do Algarve, onde o governo tem expressado preocupação com as reservas de água. Recentemente, uma resolução do Conselho de Ministros revelou a possibilidade de adoção de medidas adicionais, incluindo aquelas de um “grau mais elevado de contingência”, caso as reservas existentes não sejam suficientes para garantir o abastecimento de água para usos prioritários na região.

Esta ação ressalta a gravidade da situação, com a possibilidade de se declarar o estado de calamidade se as medidas em curso se mostrarem insuficientes para enfrentar a crise hídrica no Algarve. A suspensão do abastecimento de água para determinados usos não essenciais, como a rega de campos de golfe, e restrições adicionais ao uso da água da rede pública foram medidas já consideradas para preservar as reservas na região.

boletim semanal de albufeiras snirh
Volume total de água armazenado em Portugal Continental, a 26 de fevereiro de 2024. Fonte: Boletim Semanal de Albufeiras, APA - SNIRH.

Enquanto isso, os indicadores de monitorização agrometeorológica e hidrológica destacam que as bacias das ribeiras do Algarve têm enfrentado uma seca hidrológica extrema desde junho de 2023, prevalecendo durante o inverno de 2023-2024.

Apesar de algumas variações nas reservas hídricas em todo o país, a atenção permanece, assim, voltada para o Algarve, onde as medidas extraordinárias estão a ser consideradas no sentido de lidar com os desafios impostos pela escassez de água.

Poderá o mês de março manter a tendência positiva nos nossos reservatórios de água?

As previsões dos nossos modelos, baseados no ECMWF, e confirmados também pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), para as próximas semanas em Portugal, indiciam valores positivos em termos de precipitação. São esperados valores acima do normal para as regiões Norte e Centro durante a primeira e quarta semanas de março, enquanto na região Sul interior e no restante território nacional, espera-se precipitação mais moderada, mas ainda significativa, entre 11 e 17 de março.

A precipitação pode representar, em parte, um alívio para as áreas afetadas pela seca, ajudando a aumentar os níveis de água nas barragens e a disponibilidade de recursos hídricos. De facto, não são soluções definitivas, razão pela qual vários especialistas têm falado sobre a necessidade de criar transvases, ainda assim este volume de precipitação adicional pode auxiliar na minimização dos efeitos da seca sobre comunidades e setores afetados pela seca.