Recife de coral gigante e imaculado descoberto na costa do Taiti

Os exploradores marinhos descobriram um "imaculado" recife de coral a 30 m de profundidade ao largo da costa do Taiti. É um dos maiores descobertos a esta profundidade e provavelmente existem mais ecossistemas deste tipo. Saiba mais sobre esta fascinante descoberta!

recife de coral; Taiti; Polinésia Francesa
Os cientistas descobriram um raro e imaculado recife de coral a uma profundidade de 30 metros ao largo da costa do Taiti, na Polinésia Francesa.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), organização que liderou a missão, o recife de coral “imaculado” que foi encontrado ao largo da costa do Taiti (Polinésia Francesa) não só é um dos maiores descobertos a esta profundidade (3 quilómetros de comprimento por 30 metros de profundidade), como também afirma que provavelmente existem mais destes ecossistemas cuja existência nós simplesmente desconhecemos.

Este recife de coral foi descoberto em novembro de 2021 durante uma expedição de mergulho a uma profundidade conhecida como a "zona crepuscular" do oceano (tecnicamente designada como zona mesopelágica) -, parte integrante de uma missão global de mapeamento dos fundos marinhos denominada Projeto Seabed2030.

Segundo o especialista Julian Barbière (UNESCO), deve ser elaborado um trabalho de mapeamento e proteção destes recifes. Alexis Rosenfeld, um fotógrafo subaquático francês, disse que tinha sido "mágico testemunhar corais de rosa gigantes e belos a esticarem-se até onde os olhos podem ver”, “era como uma obra de arte".

Os recifes de coral marcam presença entre os ecossistemas mais ameaçados do oceano, dado que são vulneráveis à poluição, ao aumento da temperatura do mar e à alteração química causada pelas emissões de dióxido de carbono que se dissolvem na água.

A importância da conservação deste recife de coral para o futuro

Esta descoberta é extraordinária, não só porque proporciona uma visão importante da biodiversidade oceânica, como também constitui uma notícia muito boa - segundo vários especialistas científicos, como o Prof.Dr. Murray Roberts, o Dr. Julian Barbière e a Dra. Laetitia Hedouin – porque apesar do aquecimento global, este recife de coral apresenta um tamanho invulgar e um notável estado de preservação. Isto pode inspirar a esforços de conservação futura.

O primeiro dos especialistas, Murray Roberts, professor e importante cientista marinho da Universidade de Edimburgo, disse que a descoberta revelou o quanto ainda temos de aprender sobre o oceano.

"Ainda associamos os corais aos mares tropicais mais rasos, mas aqui encontramos um enorme sistema de recifes de coral anteriormente desconhecido”. Segundo este cientista, como as águas rasas aquecem mais rapidamente do que as águas mais profundas, estes sistemas de recifes mais profundos podem ser vistos como refúgios para os corais no futuro. Defende, assim, a necessidade de mapeamento destes lugares especiais, o papel ecológico que podem desempenhar e o garante da sua proteção futura.

recife de coral; mergulhador; taiti
Apesar deste recife ser considerado invulgarmente profundo, ainda há luz na "zona crepúsculo" do oceano para que as suas algas sobrevivam. Créditos: Alexis Rosenfeld

O segundo dos peritos, Julian Barbiere, afirmou que atualmente não existem "provas" de que este recife tenha sido danificado e que a sua profundidade invulgar foi uma das razões pelas quais permanece em "muito bom estado". Geralmente, os recifes de coral são encontrados a profundidades mais baixas porque as algas que vivem dentro dos corpos dos corais precisam de luz. "Mas aqui estamos numa parte do oceano que está (mais longe) de terra, por isso há menos sedimentos que acabam aqui no oceano".

Segundo este cientista, o próximo passo é encontrar e determinar que espécies vivem em redor deste tipo de recife, uma vez que os dados científicos mostram que cerca de 25% das espécies marinhas podem ser encontradas nos recifes de coral. Ao longo dos próximos meses serão realizadas mais investigações neste âmbito.

Um recife de coral resiliente ao aquecimento global

Por último, uma das mergulhadoras e especialistas neste assunto, a Dra. Laetitia Hedouin, do Centro Nacional de Investigação Científica da França (CNRF), afirmou: "Espera-se que um recife como este demore cerca de 25 anos a crescer e a desenvolver-se desta forma".

De acordo com esta cientista, pensa-se que os recifes mais profundos poderão estar mais bem protegidos do aquecimento global. Nesse sentido, a descoberta deste recife em condições intactas é uma boa notícia para os cientistas e pode inspirar uma conservação futura.