Nova formiga "fantasmagórica" descoberta recebe o nome de Voldemort

Uma equipa de cientistas descobriu uma espécie de formiga quase indetetável e assustadora por ser predadora. Ela move-se muito bem no escuro e possui um veneno que imobiliza a presa.

formiga 'voldemort'
A nova espécie é chamada Leptanilla Voldemort e é notável devido à sua aparência esbelta e fantasmagórica.

Existem mais de 10.000 espécies de formigas no planeta, mas os investigadores da Universidade da Austrália Ocidental (UWA) descobriram uma das mais perigosas. Trata-se da espécie “Leptanilla Voldemort, encontrada após escavações na árida região de Pilbara, no norte da Austrália Ocidental.

Estes insetos estão presentes em todo o mundo, exceto no Ártico e na Antártida. São especialmente comuns nas florestas tropicais, são dotados de algumas qualidades verdadeiramente excecionais e embora raramente ultrapassem os dois centímetros de comprimento, são os mais fortes do mundo, podendo levantar quase três vezes o seu peso corporal.

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Mandíbulas afiadas e altamente especializadas, típicas de um predador. Foto: Zookeys.

A nova espécie possui algumas características que a tornam ainda mais especial: é subterrânea, pálida, de constituição esbelta, pernas finas e mandíbulas longas e afiadas. Justamente por estas características, ela foi batizada com o nome de Lord Voldemort, o conhecido vilão da saga Harry Potter.

O investigador principal, Dr. Mark Wong, da Faculdade de Ciências Biológicas da UWA, foi quem as nomeou desta forma (L. voldemort para abreviar), em homenagem ao “Senhor das Trevas”, já que estas formigas têm um aspeto fantasmagórico e vivem nas sombras.

O que não sabias sobre formigas

As formigas são insetos muito comuns, porém são dotadas de algumas qualidades verdadeiramente excecionais e únicas, por exemplo são muito pequenas, mas têm muita força. Elas também partilham características muito semelhantes com vespas e abelhas, uma vez que evoluíram de um ancestral comum.

São especialmente comuns nas florestas tropicais, onde podem representar até metade dos insetos que habitam o local.

Uma das suas características mais conhecidas é sua hipersocialidade. Elas organizam-se em comunidades no subsolo cujo eixo de poder é a formiga rainha, e aos demais grupos é atribuída uma função específica dentro da colónia que segue um objetivo comum: proteger a vida das filhas da rainha para que a espécie continue a sobreviver.

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A relação entre força e tamanho é uma das características mais fascinantes das formigas.

As formigas comunicam e cooperam entre si utilizando substâncias químicas que podem alertar outras pessoas sobre o perigo ou levá-las a uma fonte promissora de alimento. Normalmente alimentam-se de néctar, sementes, fungos ou insetos. No entanto, algumas espécies têm dietas mais incomuns. Algumas espécies são necrófagas e outras herbívoras, sendo conhecido um caso de espécie na Amazónia em que os seus membros cooperam para criar armadilhas e assim conseguem caçar algumas presas.

A formiga descoberta tem algo que a torna única

Entre as milhares de espécies de formigas, apenas cerca de 60 pertencem ao género Leptanilla. Como mencionamos, a vida comunitária é uma das grandes virtudes destes insetos, porém esta espécie descoberta é muito diferente até no comportamento social, já que vivem em pequenas colónias, geralmente compostas por uma rainha e apenas uma centena de operárias que nidificam e se alimentam exclusivamente no subsolo.

Apenas dois exemplares da nova formiga foram encontrados, e ambos foram recolhidos numa rede que foi baixada num buraco perfurado de 25 metros e recuperada por raspagem da superfície interna do buraco.

L. voldemort é a segunda espécie de Leptanilla descoberta no continente, portanto esta descoberta ganha uma atenção especial. Para descrevê-la, nada melhor do que citar algumas características desta temível formiga:

  • Está adaptada à vida no escuro.
  • É cega.
  • Tamanho muito pequeno (entre 1 e 2 mm).
  • Tem mandíbulas afiadas.
  • Pode morder e imobilizar outros animais maiores.
  • Alimenta-se de cadáveres em decomposição.
  • Não têm pigmentação (cor).
  • Alimentam-se de pequenos artrópodes, como centopeias.

Os dois exemplares descobertos continuarão a ser analisados, pois as qualidades destes insetos continuam a surpreender os cientistas. A evolução destes insetos leva milhões de anos.

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Estas formigas não têm pigmentação e medem entre um e dois milímetros, aproximadamente o tamanho de um grão de areia. Foto: Zookeys.

Um dos aspetos que mais chamou a atenção dos investigadores é que estas formigas “fingem-se de mortas” para sobreviver, possuem um veneno poderoso e alimentam-se da hemolinfa, um fluido circulatório (como o nosso sangue) proveniente das larvas do espécime capturado. Por isso, estão convencidos de que ainda há muito a descobrir sobre esta nova espécie.