Maio 2019: mês muito quente e seco

Climatologicamente, o mês de maio de 2019 em Portugal continental classificou-se como um mês muito quente e extremamente seco. Contamos-lhe aqui.

Maio de 2019 foi um mês muito quente e extremamente seco.

Com base na análise climatológica elaborada pelo IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera), durante o mês de maio os valores de temperatura do ar foram quase sempre superiores ao valor normal, que é o valor médio observado em 30 anos, entre os anos 1971-2000.

Temperatura

Ainda segundo o IPMA, o valor médio da temperatura média do ar, 18.11 °C, foi superior ao normal com um desvio de +2.38 °C. Maio de 2019 foi o 7º mês de maio mais quente desde 1931 e o 4º mais quente desde 2000. O mês de maio mais quente ocorreu em 2011.

No entanto, o maior desvio em relação ao valor normal registou-se em relação às temperaturas máximas. O valor médio da temperatura máxima do ar, que foi de 25.09 °C, foi muito superior ao valor normal, com um desvio de +4.13 °C. Este desvio foi o 2º valor mais alto desde 1931, sendo o desvio mais elevado o que ocorreu no ano 2015.

O valor médio da temperatura mínima do ar, 11.12 °C, também superior ao valor normal, teve um desvio de +0.62 °C. Valores da temperatura mínima, superiores aos agora registados, ocorreram em cerca de 35 % dos anos desde 1931. Entre os dias 11 e 15 de maio, tivemos um período excecionalmente quente com o valor médio da temperatura superior a 30 °C nos dias 12, 13 e 14. Nestes dias o desvio em relação ao valor médio foi superior a 10 °C.

Neste período, registaram-se dias quentes (temperatura máxima ≥ 30 °C) em cerca de 2/3 das estações; no dia 13 ocorreram dias muito quentes (temperatura máxima ≥ 35 °C) em cerca de 20 % das estações de Portugal continental.

Anomalias da temperatura máxima do ar em maio 2019, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000. Fonte: IPMA

Para o final do mês, no período de 21 a 31, valores de temperatura do ar foram sempre acima do valor normal, sendo de salientar os últimos três dias do mês em que o valor médio da temperatura máxima do ar foi novamente superior a 30 °C. Nos dias 30 e 31 de maio registaram-se recordes da temperatura máxima do ar em algumas estações meteorológicas do litoral, como foi o caso de Viana do Castelo, Cabo Raso, Setúbal e Sines. De assinalar ainda a ocorrência de uma onda de calor, com início a 22 de maio e que se prolongou até aos primeiros dias de junho, abrangendo quase todo o território.

Precipitação

Desde o início do ano, com exceção do mês de abril, que temos tido um tempo seco com pouca chuva. O mês de maio foi mais um mês seco, classificando-se mesmo, do ponto de vista climatológico, como um mês extremamente seco.

Segundo dados do IPMA, a precipitação que se registou em maio corresponde a apenas 19 % do valor normal mensal. O valor médio da quantidade de precipitação foi de 13.3 mm. Foi o 6º mês de maio mais seco desde 1931 e o 3º mais seco desde 2000, depois de 2006 e 2003. O mês de maio mais seco mantém-se o do ano 1991.

Anomalias da quantidade de precipitação em maio 2019, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000. Fonte: IPMA

Monitorização da Seca – Índice PDSI

No final do mês a percentagem de água no solo diminuiu significativamente em relação ao final de abril em todo o território, e em particular nas regiões do interior Norte e Centro, Vale do Tejo e na região Sul, com valores inferiores a 20%.

De acordo com o índice meteorológico de seca PDSI, índice meteorológico de seca calculado pelo IPMA para monitorização da situação de seca, no final de maio verificou-se um aumento da área em seca meteorológica e da sua intensidade, com realce para a região Sul, onde se atingem já as classes de seca severa a extrema.

No final de maio, a distribuição percentual do índice de seca no território é a seguinte: 2.5 % na classe de seca extrema, 27.9 % na classe de seca severa, 22.4 % na classe de seca moderada, 46.1 % na classe de seca fraca e 1.8 % na classe normal.