Gronelândia enfrenta degelo sem precedentes associado a uma onda de calor recorde

As imagens de satélite do Landsat 8 capturam o dramático degelo da Gronelândia, à medida que as temperaturas atingem níveis históricos. Saiba mais aqui!

Gronelândia está a enfrentar uma situação crítica graças ao intenso degelo das suas áreas glaciares.

Uma fotografia, datada de 14 de junho, capturada por um satélite dos EUA (Estados Unidos da América), mostra a vasta camada de gelo antes das altas temperaturas do verão. No entanto, uma imagem subsequente, datada de 24 de julho, revela uma cobertura de neve consideravelmente reduzida e áreas de gelo "sujo", evidenciando a exposição de impurezas devido ao processo de descongelação.

A situação está a preocupar a comunidade internacional e os cientistas explicam que o degelo é agravado pelo declínio na cobertura de neve, que normalmente protege o gelo dos glaciares durante o verão. As temperaturas mais elevadas estão a comprometer esta cobertura, aumentando o risco de elevação do nível do mar, tal como alertam agora os especialistas.

Gronelândia sente o impacte do verão de 2023 com degelo dramático

A época de degelo 2023 está a marcar uma transformação significativa na Gronelândia, com o degelo acima da média a ocorrer ao longo da maior parte da estação de Verão. Segundo o National Snow and Ice Data Center, a superfície da camada de gelo da Gronelândia, abrangendo uma área equivalente a 800.000 km², experienciou o degelo em várias ocasiões entre junho e julho, com taxas de declínio até 50%.

Um satélite capturou o glaciar Frederikshåb, no sudoeste da Gronelândia, a 14 de junho, revelando o fluxo sinuoso do gelo pelo terreno montanhoso até à costa. Porém, uma imagem subsequente, de 24 de julho, retratou uma diminuição drástica na extensão da neve brilhante à superfície, indicando uma perda substancial de gelo.

Imagem de satélite do glaciar Frederikshåb, capturada a 24 de julho de 2023, pelo Landsat 8 mostra o intenso degelo da área glaciar.

O aquecimento do oceano intensifica a diminuição da camada de gelo

Investigadores da Universität Bremen, na Alemanha, concentraram a sua atenção no glaciar Nioghalvfjerdsbrae, cujo degelo acelerado está a contribuir para um aumento de 1,4 mm/ano do nível do mar.

O Dr. Ole Zeising, e a sua equipa de investigação, utilizaram as medições por deteção remota, aérea e terrestre para constatar que a área glaciar encolheu em 42%, desde 1998, com uma perda média de espessura de gelo de 38 metros nos últimos 6 anos.

Na investigação publicada na EGUsphere, ficou provado também que o aquecimento das águas oceânicas, especialmente a entrada de correntes mais quentes do Atlântico, está a agravar o degelo e a promover o recuo das áreas glaciares.

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Além disso, um canal subglacial alimentado por água quente do Atlântico tem contribuído para o degelo subglacial, promovendo ainda mais o processo de diminuição das áreas glaciares. As temperaturas do ar mais altas, devido ao aquecimento global, estão a maximizar o processo de degelo mais intensivo durante o verão, agravando ainda mais a situação.

As alterações climáticas e os impactes futuros na Gronelândia

As alterações climáticas contínuas estão a provocar consequências significativas nas regiões polares e nos seus ecossistemas. À medida que as temperaturas sobem e o degelo se intensifica, a Gronelândia enfrenta uma crise sem precedentes.

Para o efeito, os padrões climáticos incomuns estão a causar um rápido degelo na Gronelândia, particularmente na região sul da camada conhecida como South Dome. Esta mudança está associada a valores negativos do Índice de Oscilação do Atlântico Norte (NAO), que resultam em altas pressões atmosféricas sobre a ilha, trazendo ventos quentes do sudoeste e condições de maior insolação. Tais padrões estão na origem do degelo superficial acelerado na zona de ablação.

Neste contexto, as alterações climáticas contribuem para um futuro incerto na Gronelândia, graças a um processo acelerado de degelo causado por padrões climáticos extremos e o aumento generalizado da temperatura. As consequências poderão ser nefastas para a subida do nível do mar e para os ecossistemas polares, colocando o ônus na urgência de ações globais e concertadas para enfrentar as alterações climáticas e proteger o planeta das ameaças iminentes.