Depressão Clement tem fustigado Açores e Madeira: ficará subtropical?

Aproximamo-nos do fim do corrente ano e a temporada de tempestades do Atlântico continua a causar estragos, apesar de ontem ter terminado oficialmente. Será que a depressão Clement vai adquirir características subtropicais? Fique a saber tudo connosco!

Trovoadas.
As trovoadas estão intimamente associadas às tempestades tropicais, podendo causar inúmeros danos.

Depois da passagem da depressão Clement pela Madeira, há a possibilidade de se formar durante a semana uma nova tempestade tropical no Atlântico, decorrente da transformação da própria depressão Clement. Mas neste momento, o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos da América (NHC, na sigla em inglês), está a monitorizar com particular atenção um sistema de baixas pressões não tropical, situado perto dos Arquipélagos da Madeira e das Canárias, que está a provocar alguma instabilidade meteorológica na região.

Se chegar a acontecer, a tempestade tropical irá denominar-se Kappa.

O NHC denominou-a, de forma provisória, como Invest 90L. A designação Invest dá-se, em termos meteorológicos quando se pretende monitorizar uma área para a probabilidade de uma potencial tempestade tropical. Os últimos dados indicam que este fenómeno regista ventos sustentados na ordem dos 45km/h e uma pressão atmosférica que se aproxima dos 994 mb. Localizado a Norte da ilha da Madeira, tem sido responsável por alguns episódios de aguaceiros fortes e trovoadas na costa Norte da ilha.

Nos próximos dias, este fenómeno vai continuar na região, podendo adquirir características subtropicais, ao deslocar-se ligeiramente para Sudoeste. Segundo o NHC, existe 40% de probabilidade de o Invest 90 L se tornar uma tempestade tropical nas próximas 48 horas. Se chegar a acontecer, a tempestade tropical irá denominar-se Kappa.

Este evento está também a provocar alguma agitação marítima. As localidades costeiras da Madeira e das Canárias estão já em alerta para esta situação, para além das situações já mencionadas de chuva forte e trovoadas. Prevê-se que, à medida que a semana for avançando, as condições ambientais se tornem menos favoráveis ao desenvolvimento do fenómeno.

2020, um ano atípico

Neste ponto, é importante salientar que o passado dia 30 de novembro marcou o término oficial da temporada de furacões do Atlântico. Durante os últimos meses, assistimos a uma das temporadas mais intensas desde que há registos. Contaram-se cerca de 30 ciclones tropicais ao longo da temporada, pela segunda vez foi utilizado o alfabeto grego para denominar os eventos, depois de se terem esgotado os 21 nomes programados.

Continuando com os dados estatísticos, este ano superou o ano de 2005 em número de tempestades registadas. Em 2005 tinham-se registado 28. Dos 30 referentes a 2020, 12 afetaram o território continental dos Estados Unidos da América, 13 tornaram-se furacões, 6 dos quais com categoria superior a 1, na escala de Saffir-Simpson.

As projeções, antes do início da temporada, apontavam para uma elevada frequência e intensidade dos eventos. No rescaldo, é possível afirmar que a temporada superou até as projeções.