Comissão Europeia adota Estratégia para a Resiliência da Água para garantir o seu acesso e a preços acessíveis
Na Europa, apenas 37% das águas de superfície estão em bom ou muito bom estado ecológico e 29% alcançaram um bom estado químico, segundo a Agência Europeia do Ambiente. A estratégia da Comissão define “o caminho para uma economia da água sustentável, resiliente, inteligente e competitiva".

No passado dia 16 de abril, a Comissão do Ambiente, do Clima e da Segurança Alimentar do Parlamento Europeu já tinha saudado e mostrado “apoio” ao anúncio feito pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, às orientações políticas a respeito da apresentação de uma Estratégia Europeia de Resiliência Hídrica.
O Parlamento Europeu (PE) também já tinha instado a União Europeia (UE) a integrar os compromissos assumidos no âmbito do Diálogo de Baku sobre a Água para a Ação Climática da COP 29 e na Conferência das Nações Unidas sobre a Água, de 2023.
O PE recomendava, inclusive, que os lagos e outros habitats dependentes da água doce fossem contemplados na estratégia, juntamente com os rios, as águas de transição e as ��guas subterrâneas.
A Estratégia foi oficialmente apresentada pela vice-presidente da Comissão para a Transição Limpa, Justa e Competitiva, a espanhola Teresa Ribera, e pela Comissária do Ambiente, resiliência Hídrica e Economia circular competitiva, Jessika Roswall.
"Resiliência da água é essencial"
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, declarou nesse dia, citada em comunicado, que "a água é vida. A resiliência da água é essencial para os nossos cidadãos, os nossos agricultores, o ambiente e as empresas”.
Este documento visa garantir que, até 2050, a Europa funciona com uma economia hídrica sustentável, competitiva que une as pessoas e protege a biodiversidade de forma inovadora.
Para esse efeito, a estratégia centra-se em três objetivos específicos. Um deles passa por restaurar e proteger o ciclo da água, desde a nascente até ao mar, e adotar práticas inteligentes em matéria de água e infraestruturas verdes.
O segundo objetivo prende-se com a construção de uma economia de utilização inteligente em termos de água, promovendo a redução do consumo e a melhoria da eficiência hídrica.

O terceiro objetivo visa garantir o acesso a água limpa e a preços acessíveis para todos os cidadãos. Isto, ao mesmo tempo que é preciso sensibilizar o público em matéria de poupança de água, assim como adotar políticas de tarifação de água e reforço do papel da UE na promoção da resiliência hídrica, através de parcerias e cooperação internacionais.
Cinco áreas de ação da UE
Para a concretização destes objetivos, a Comissão definiu cinco áreas de ação da UE: governação e execução; investimentos e infraestruturas públicos e privados; aceleração da digitalização e inteligência artificial; impulsionar a investigação e a inovação; segurança e preparação.

A Estratégia de resiliência hídrica mobiliza a intervenção, não só de autoridades governamentais, regionais e locais, como de empresas e cidadãos. Os Estados-membros deverão ser apoiados através de um conjunto de ações e recomendações para gerirem, de forma mais eficiente, a água em todos os setores.
A implementação da estratégia será monitorizada periodicamente. Para tal, está prevista a realização de um fórum bienal a partir de dezembro de 2025, reunindo as partes interessadas para o balanço dos progressos no reforço da resiliência hídrica. Em 2027 a Comissão deverá realizar uma avaliação intercalar dos progressos alcançados pelos Estados-membros.
Na Europa, apenas 37% das águas de superfície estão em bom ou muito bom estado ecológico e 29% alcançaram um bom estado químico, segundo a Agência Europeia do Ambiente.
O custo da descontaminação dos PFAS na Europa está estimado entre 5 e 100 mil milhões de euros por ano, segundo a Comissão Europeia. E, para alguns poluentes, como o TFA (ácido trifluoroacético, um tipo de PFAS), a descontaminação não é assim tão simples.
A Comissão pretende, aliás, aplicar o princípio do "poluidor-pagador" e reservar o financiamento público para os sítios onde não tenha sido possível identificar o responsável.