Campanha da azeitona 2025 pode registar quebra de 20% face ao ano anterior, devido à seca e às altas temperaturas
A Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal atualizou as previsões da campanha olivícola deste ano. Antecipa-se uma quebra de 20% na produção de azeitona, o que pode impactar no preço do azeite junto dos consumidores.

A produção de azeitona está indexada à produção de azeite e os dados desta campanha estão a colocar em sobressalto os agentes do setor olivícola e, por arrasto, os consumidores, que receiam vir a comprar o produto mais caro.
A última campanha olivícola em Portugal foi positiva, seguindo-se a um ano anterior menos produtivo. De 2024/2025, a produção nacional aumentou cerca de 10% face à campanha anterior, para cerca de 177 mil toneladas de azeite.
Internacionalmente, Portugal é reconhecido como o país que maior quantidade de azeite de alta qualidade produz em todo o mundo. É o sexto maior produtor mundial e o terceiro maior exportador europeu de azeite, ultrapassando a fasquia dos 1.5 mil milhões de euros em exportações.
Ribatejo e Trás-os-Montes crescem
No início de outubro, as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE) para as regiões do Ribatejo e Trás-os-Montes apontaram para um aumento na produção de azeite em 12% este ano, em relação à campanha anterior, atingindo cerca de 179 000 toneladas.

Já nas áreas de mercado do Algarve, Elvas e Moura, o INE foi mais pessimista, perspetivando uma diminuição na produção de azeitona de mesa em 5%, em relação à campanha anterior.
No conjunto do país, a Olivum – Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal veio esta semana atualizar as previsões da campanha olivícola nacional, antecipando agora “uma quebra de produção de azeitona na ordem dos 20%”, em relação à campanha anterior.
A Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal explica que, “em várias zonas de Portugal, a seca e as temperaturas elevadas durante a maturação provocaram desidratação do fruto, afetando a produtividade do mesmo”, pelo que, “mesmo nos olivais regados, é necessária mais água, e a sua falta está a ter um claro impacto na quebra de produção”.
Olival incapaz de manter desenvolvimento
A diretora executiva da Olivum, Susana Sassetti, revela as causas principais para esta estimativa negativa da produção de azeitona.
Apesar deste cenário, a Olivum garante que continuará “a acompanhar a campanha e a atualizar os dados, no decorrer da colheita, junto do setor, para uma comunicação articulada, clara e objetiva”.
A Associação lançou recentemente o projeto TerraOliva, desenvolvido em parceria com a ERA-Arqueologia, que visa promover a relação entre o património e o setor do azeite através de documentários temáticos e da elaboração do primeiro guia de boas práticas ‘Olivicultura e Arqueologia’.
Projeto TerraOliva
O Projeto TerraOliva, que lançaram em abril deste ano, produziu cinco documentários que mostram a evolução das boas práticas ao longo dos anos e a importância de uma relação cada vez mais saudável e frutuosa com o património. Tudo, com o objetivo de promover a história e a ligação cultural do azeite.

“Este trabalho identifica diversos locais arqueológicos ligados ao olival e à produção de azeite, fazendo a ponte com a modernidade do setor, os olivais tradicionais na atualidade e o futuro do olivoturismo que será fundamental na promoção e divulgação deste conhecimento, do setor e do azeite". Sinergias que a Olivum considera cruciais para o setor e para o trabalho que está a desenvolver”, referiu à data Pedro Lopes, presidente da Associação.
Foi também produzido um Guia de Boas Práticas orientado para a olivicultura e património arqueológico. Um documento que, segundo a Olivum, “compatibiliza, de forma sustentada, a relação entre Olivicultura e Arqueologia”, concebida como uma importante ferramenta de trabalho e partilha de conhecimento entre os dois setores.
“A instalação de novos olivais em Portugal, nos últimos anos, tem sido responsável não só por ganhos significativos em eficiência e produtividade, mas também pela descoberta e valorização de achados patrimoniais", realça Gonçalo Moreira, gestor de projetos da Olivum.