Bem-vindo ao mar de gente: estas são as praias mais sobrelotadas do mundo

Sol, areia e… multidões. Quando o paraíso vira parque de estacionamento e a toalha uma miragem, é hora de repensar o turismo — e Portugal não fica de fora.

Praias sobrelotadas
Ainda quer ir à praia? Foto: Unsplash

Com os termómetros a subir, já só sonha com uma escapadinha à beira-mar, areia dourada a perder de vista e o som das ondas a embalar? Pois bem, talvez queira rever esse sonho — pelo menos se estiver a pensar visitar uma destas praias.

Segundo uma análise feita pela plataforma ‘Cloudwards’, que vasculhou milhares de críticas no TripAdvisor à procura de termos como “crowded” (superlotado), “packed” (apinhado) e “too busy” (demasiado cheio/movimentado), há praias tão populares que mais parecem festivais... mas com menos espaço e mais sol.

E sim, Portugal conseguiu um lugar no pódio. Não é só o Cristiano Ronaldo que brilha lá fora — agora também temos uma praia entre as mais sobrelotadas do mundo. Vamos ao top 8?

La Pelosa, Itália — 86,9% de críticas

    Situada na idílica ilha da Sardenha, La Pelosa parece saída de um postal: água translúcida, areia branca e um cenário de cortar a respiração. O problema? É que ninguém resiste à tentação de a conhecer.

    Há tanta gente a visitar o pequeno paraíso que, segundo o 'La Repubblica', foram impostas limitações diárias de entrada e taxas turísticas para tentar controlar a maré humana.

    Resultado? Uma experiência de praia que, em vez de relaxante, pode ser digna de um teste à paciência.

    Spiaggia La Cinta, Itália — 84,2%

      Também na Sardenha, La Cinta é outro exemplo de como o sucesso pode virar maldição. Com águas rasas e quentes, é perfeita para famílias — e são tantas que é difícil caminhar sem tropeçar num balde de criança ou num drone voador.

      Spiaggia La Cinta, Itália
      Passa facilmente de paraíso a pesadelo. Foto: Sardegna Turismo

      O jornal ‘Il Messaggero’ já descreveu o local como um “congestionamento veraneante”, onde até chegar à toalha pode exigir manobras dignas de um GPS.

      Praia da Falésia, Portugal — 83,7%

        Um verdadeiro postal do Algarve, com os seus penhascos alaranjados, trilhos deslumbrantes e sete quilómetros de areia fina. A praia da Falésia é uma das praias mais fotografadas do país e, não por acaso, uma das mais procuradas tanto por turistas estrangeiros como por portugueses.

        Segundo o ‘Sapo Notícias’ e o ‘Diário de Notícias', as queixas são recorrentes: estacionamento escasso, filas nos passadiços, e um cenário em que “espaço para a toalha” é praticamente um jogo de sorte. No pico do verão, o ambiente pode parecer mais o de um festival do que de uma zona balnear — com direito a sombra improvisada e lutas silenciosas por centímetros de areia.

        Mas o problema vai além do incómodo pessoal. Como referiu o ‘Jornal Económico’, a pressão turística constante afeta a biodiversidade, aumenta a produção de lixo e compromete a regeneração natural das dunas e vegetação costeira.

        Os especialistas alertam para a necessidade urgente de estratégias sustentáveis, como limitação de acessos, sensibilização e melhoria da infraestrutura.

        Curiosamente, mesmo com tudo isto, a praia não perde visitantes — só ganha mais distinções internacionais.

        Poipu Beach Park, Havai (EUA) — 83,5%

            Do outro lado do mundo, no exótico Havai, também há problemas de espaço. Poipu Beach Park é extremamente popular entre locais e turistas, graças às suas águas tranquilas e à possibilidade de ver tartarugas marinhas de perto. No entanto, como referiu o site ‘Hawaii Magazine’, há quem chegue às 6 da manhã para garantir lugar.

            Cala Comte, Espanha — 83,3%

              Ibiza não vive só de festas — também tem praias deslumbrantes como Cala Comte. Mas, como seria de esperar, a reputação da ilha como destino de verão traduz-se num verdadeiro “engarrafamento de biquínis” à beira-mar.

              Cala Comte, Espanha
              A fama nem sempre traz vantagens. Foto: Unsplash

              A imprensa espanhola, como o ‘El País’, já alertou para o impacto ambiental da lotação excessiva, incluindo a erosão acelerada das falésias e a degradação da qualidade da água.

              Konnos Bay, Chipre — 82,1%

                Konnos Bay é um pequeno recanto entre rochas e vegetação mediterrânica, perfeito… se conseguir encontrar um lugar. De acordo com o ‘Cyprus Mail’, nos meses de julho e agosto é difícil até ver a areia — está coberta de toalhas, insufláveis e turistas com telemóveis em modo selfie. Um paraíso, sim, mas bem mais concorrido do que muitos esperavam.

                La Concha, Espanha — 81,8%

                  Situada em San Sebastián, La Concha é considerada uma das praias urbanas mais bonitas da Europa. A má notícia? A cidade também é um dos destinos mais visitados de Espanha.

                  Resultado: na maré alta, a areia encolhe e os banhistas ‘espremem-se como sardinhas’.

                  Segundo o ‘El Diario Vasco’, há cada vez mais pressão sobre as autoridades locais para limitar o número de visitantes.

                  Playa de Muro, Espanha — 77,6%

                    Maiorca entra na lista com Playa de Muro, uma faixa de areia de vários quilómetros que, mesmo extensa, já não chega para todos.

                    Playa de Muro
                    Já não chega para todos. Foto: Unsplash

                    As críticas apontam para um ambiente quase claustrofóbico, onde a paisagem de sonho é interrompida por filas de chapéus-de-sol e gritos de crianças em várias línguas. Como refere o ‘Mallorca Daily Bulletin’, há planos para criar corredores ecológicos entre zonas balneares — uma tentativa de dar algum “respiro” à ilha.

                    Como evitar a maré humana?

                    Se depois desta lista ficou com vontade de trocar o mar por uma piscina de insuflável no quintal, não desespere. Há formas de contornar a confusão. Uma delas é viajar fora da época alta, se puder.

                    Opte também por explorar praias menos mediáticas. Aliás, o litoral português tem dezenas de pequenas enseadas maravilhosas e quase secretas.

                    E, sobretudo, planeie. Chegar cedo e evitar os fins de semana pode ser meio caminho andado para uma toalha bem estendida e um mergulho sem cotoveladas.

                    Quando o paraíso está demasiado cheio, talvez o segredo esteja em procurar novos postais — ou esperar por setembro.