As espécies marinhas estão a migrar para Norte. Porquê?

Através de dados do NOAA, o Programa de Pesquisa de Mudança Global dos Estados Unidos, mostra diversas evidências da migração atual de várias espécies marinhas para Norte, o que deverá afetar a economia do país. Saiba mais aqui!

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Devido ao aquecimento da água do mar, são várias as espécies em ambas as costas dos EUA que procuram migrar para Norte.

A economia azul americana que se baseia, entre outros, na produção de frutos do mar, na exploração oceânica e na resiliência costeira, contribuiu com cerca de 373 biliões de dólares para a economia dos EUA em 2018, tendo a pesca um papel muito importante nesta.

As alterações climáticas, no entanto, ameaçam a pesca comercial e recreativa. As mudanças na temperatura da água podem afetar os ambientes onde vivem peixes, crustáceos e outras espécies marinhas, levando-os a procurar novas águas.

A economia azul americana é uma importante valência para a economia dos EUA, contudo, a procura das espécies marinhas por águas mais frias e mais profundas poderá ter um impacto negativo na mesma.

Um novo indicador, desenvolvido em conjunto pela EPA e pelo NOAA, mostra que ao longo das linhas costeiras, as espécies marinhas estão a deslocar-se para Norte ou para águas mais profundas e, à medida que as espécies de presas menores se deslocam, as espécies de predadores podem segui-las.

Os dados

O Programa de Pesquisa de Mudança Global dos EUA (USGCRP) publicou um indicador de distribuição de espécies marinhas utilizando dados do NOAA. Os gráficos mostram a mudança anual na latitude e profundidade de 140 espécies marinhas ao longo da costa nordeste dos EUA e no Mar de Bering oriental.

Os resultados mostram que nas águas do Nordeste, os peixes e os crustáceos estão a migrar para Norte a uma taxa significativa; no leste do Mar de Bering, está a acontecer o mesmo, mas numa taxa mais reduzida.

À semelhança do que foi acima mencionado, as espécies marinhas de ambas as regiões, estão também a mover-se para águas mais profundas, mas a taxa de mudança na profundidade é especialmente alta ao longo da costa nordeste.

Os mapas (que aparecem neste tweet) mostram a distribuição geográfica anual de três espécies (escamudo do Alasca, caranguejo das neves e alabote do Pacífico) no Mar de Bering oriental, entre 1982 e 2018 (esquerda), e de outras três espécies (lagosta americana, pescada vermelha e robalo) ao longo a costa nordeste dos EUA, entre 1973 e 2018 (à direita).

As espécies nas águas do Nordeste mudaram-se cerca de 177 km para Norte, desde o início da década de 1970, enquanto as espécies nas águas do Alasca afastaram-se da costa, a partir do início da década de 1980, e moveram-se cerca de 30km para Norte.

Os investigadores escolheram as espécies representadas, porque representam peixes e crustáceos abundantes. Os indicadores são essenciais para a capacidade do USGCRP de monitorizar e observar as alterações climáticas e os seus impactos.

Este novo indicador deve fortalecer a nossa capacidade de detetar o aquecimento dos oceanos, pois as espécies marinhas respondem vigorosamente às mudanças nas temperaturas da água e existem grandes conjuntos de dados multivariáveis para muitos peixes e crustáceos.