As alterações climáticas estão a tornar os furacões mais destrutivos

Outra temporada recorde de furacões resulta em questões tais como a forma como as alterações climáticas podem estar a alimentar tempestades tropicais mais destrutivas. Aqui fica um olhar mais detalhado sobre o que pode estar a acontecer.

Vento forte; furacão
Oceanos mais quentes, aquecimento global e cisalhamento vertical do vento são fatores que afetam o número e a intensidade dos furacões que poderemos ver no futuro.

As pessoas que habitam ao longo das costas da América sentiram, certamente, o peso de uma temporada de furacões bem ativa e destrutiva, com os especialistas a afirmarem que as alterações climáticas são um dos fatores que contribuem para a forma como as temporadas de furacões se comportaram nos últimos anos.

A temporada de furacões do Atlântico de 2021 vai de vento em popa, ao mesmo ritmo da temporada de 2020, ou pior. Com 19 sistemas tropicais nomeados este ano - seis dos quais, furacões -, espera-se que os meteorologistas criem uma lista suplementar de nomes de tempestades pelo segundo ano consecutivo. Uma época normal de furacões do Atlântico consiste em 14 tempestades nomeadas, sete furacões e três grandes furacões.

Águas mais quentes no Golfo do México e Oceano Atlântico alimentam tempestades tropicais mais robustas

As temperaturas das águas no Oceano Atlântico, durante a temporada dos furacões, têm vindo a aumentar nos últimos 100 anos, informou a Climate Central num relatório publicado em 2020. Quando combinado com o aquecimento da atmosfera, as tempestades têm um maior potencial de fortalecimento - por vezes rápido - levando a maiores impactos materiais e vitais.

Os cientistas afirmam também que os oceanos mais quentes estão a contribuir para a subida do nível do mar devido a múltiplos fatores, incluindo a expansão térmica e o derretimento das camadas de gelo e dos glaciares costeiros. Qualquer subida do nível do mar pode significar problemas para as comunidades costeiras que lidam com tempestades poderosas.

De acordo com o Serviço Meteorológico Nacional, a tempestade é a maior ameaça à vida e à propriedade. Uma vaga de tempestades leva, muitas vezes, a rápidos aumentos dos níveis da água e pode inundar grandes áreas em poucos minutos, apanhando os residentes das proximidades desprevenidos.

As tempestades: o que realmente temos que ter em conta

Os meteorologistas da AccuWeather enfatizam que o foco não deveria ser no número total de tempestades, mas sim no que estas tempestades podem fazer uma vez formadas. A rapidez com que as tempestades se podem intensificar, o limite máximo de força que atingem e a sua velocidade quando tocam terra (landfall) são fatores muito mais importantes quando se trabalha para proteger vidas e bens.

Para além do número de tempestades estar a aumentar com o decorrer dos anos, a intensidade das mesmas também tem sido devastadora e cada vez mais duradoura, principalmente quando os furacões atingem o continente.

Em novembro de 2020, investigadores do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, no Japão, publicaram um estudo que mostrava que os furacões se mantêm mais fortes depois do landfall. O estudo, publicado na revista Nature, encontrou "uma mudança significativa, a longo prazo, no sentido de uma decadência mais lenta", o que permite que as tempestades mantenham uma maior intensidade sobre a terra durante um período de tempo mais longo.