A chuva do mês de junho fez diminuir a seca meteorológica na maior parte de Portugal Continental

O mês de junho de 2023, em Portugal continental, classificou-se, do ponto de vista climatológico, como um mês muito quente em relação à temperatura do ar e muito chuvoso em relação à precipitação.

Instabilidade
Junho foi um mês muito quente e muito chuvoso.

A precipitação associada a condições de instabilidade que ocorreu no mês passado no continente português foi devido à existência de regiões depressionárias, por vezes com linhas de instabilidade associadas ou ondulações frontais.

Temperatura

De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, em Portugal continental, no mês de junho, o valor médio da temperatura média do ar, 21.92°C, foi 2.49°C superior em relação ao valor normal 1971-2000. Este foi o 5º junho mais quente desde 1931, tendo o valor mais alto, 23.25 °C, ocorrido em 2004.

Anomalias da temperatura
Anomalias da temperatura média do ar no mês de junho, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000. (Fonte: IPMA)

O valor médio da temperatura máxima do ar, 28.03 °C, foi muito superior ao valor normal, com uma anomalia positiva de 2.68 °C, o que corresponde ao 9º valor mais alto para o mês de junho, desde 1931.

O valor médio da temperatura mínima do ar, 15.80 °C, foi também superior ao valor normal com um desvio de 2.31 °C, sendo o 3º valor mais alto desde 1931.

Ao longo do mês tivemos períodos muito quentes, sendo de destacar o período de 23 a 28 de junho com 4 dias consecutivos (23 a 26) com desvios da temperatura máxima do ar superiores a 7°C e da temperatura mínima do ar superiores a 5 °C. Neste período ocorreu uma onda de calor com duração de 6 a 7 dias e que abrangeu as regiões do interior Norte e Centro e a região Sul.

O maior valor da temperatura máxima do ar foi 42.7°C e registou-se em Portel, no dia 25, enquanto que o menor valor da temperatura mínima do ar foi 5.9°C, em Lamas de Mouro, no dia 11.

Precipitação

Ainda de acordo com o IPMA, no mês de junho o total de precipitação mensal, 47.9 mm, que corresponde a 149% do valor normal, foi o 3º valor mais alto desde 2000.

Anomalias da precipitação
Anomalias da quantidade de precipitação, no mês de junho, em Portugal continental, em relação aos (350) valores médios no período 1971-2000. (Fonte: IPMA)

O maior valor da quantidade de precipitação em 24h, 56.7 mm, registou-se em Vila Nova de Cerveira, no dia 8, enquanto que o maior valor mensal da quantidade de precipitação em junho foi registado na estação meteorológica de Lamas de Mouro, 147.9 mm, e o menor valor em Pegões, 2.6 mm.

Os valores de percentagem de precipitação em junho, em relação ao valor médio, variaram entre 12% em Pegões e 326% em Chaves.

Monitorização da Seca – Índice PDSI

Verificou-se uma diminuição dos valores de percentagem de água no solo nas regiões do vale do Tejo, Alentejo e Algarve. Apesar da instabilidade, estas regiões registaram valores de temperatura do ar muito elevados, o que contribuiu para um aumento da evaporação e consequentemente, uma maior secura do solo. Nestas regiões os valores de percentagem de água no solo são inferiores a 10%.

De acordo com o Índice Meteorológico de Seca, PDSI, índice meteorológico de seca calculado pelo IPMA para monitorização da situação de seca, no final de junho verificou-se uma diminuição da área em seca meteorológica e da sua intensidade, como resultado das condições de instabilidade em especial na região Norte. No entanto, registou-se um aumento da área em seca extrema no Algarve.

No final de junho a distribuição percentual por classes do índice PDSI no continente é a seguinte: 14.6% na classe normal, 42.3% em seca fraca, 17.5% em seca moderada, 21.8% em seca severa e 3.8% em seca extrema.