50 °C na Índia: será possível tal onda de calor extremo em Portugal?

O calor extremo está atualmente a afetar a Índia e o Paquistão, com temperaturas próximas dos 50 °C e uma acumulação de calor particularmente notável ao longo das últimas semanas. Será possível tal onda de calor em Portugal?

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Será que o episódio de calor extremo que está a afetar a Índia e o Paquistão poderia ocorrer em Portugal?

O período antes das monções, entre abril e junho, é uma época quente do ano na Índia e no Paquistão, onde as temperaturas excedem frequentemente os 40 °C nesta época do ano. Contudo, desde o final de março, esta região tem vindo a registar temperaturas particularmente elevadas sem interrupção, e nos últimos dias tem-se sentido um novo aumento de calor.

A multiplicação destas cúpulas de calor, em quase todo o mundo, leva-nos a pensar se tal onda de calor seria possível na Europa e em Portugal?

Até 50 ºC no final da semana!

Há já várias semanas que a Ásia Central tem vindo a experimentar temperaturas muito acima da normais sazonais. Já em março, a temperatura média na Índia foi de 33,1 °C, o que é um recorde para o país desde 1901.

As temperaturas elevadas são habituais nesta região do mundo, mas tornaram-se ainda mais acentuadas nos últimos dias à medida que as altas pressões se foram reforçando, formando uma "cúpula de calor". Desde meados da semana, as temperaturas ultrapassaram os 40 °C no norte da Índia e no Paquistão oriental, com máximos frequentes de 45 °C (47,5°C em Nawabshah, Paquistão, na quarta-feira).

Este calor extremo vem na sequência do calor latente das últimas semanas, e é agora combinado com uma humidade elevada, tornando as condições particularmente execráveis para o corpo humano. De acordo com as previsões, este episódio de calor deverá continuar, pelo menos, até domingo, com máximos prováveis de 50 °C.

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Devemos temer a mesma coisa em Portugal?

Embora uma onda de calor deste tipo nunca tenha afetado o nosso país, há já vários anos que vemos as ondas de calor multiplicarem-se e aumentarem de intensidade. Corria o ano de 2003 quando Portugal viveu um dos episódios mais quentes de que há memória em termos climatológicos. Além de ter sido um ano marcado por devastadores e mortíferos incêndios espalhados por todo o país, foi registado aquele que até agora se mantém como o recorde nacional de temperatura: 47,4 ºC na Amareleja, distrito de Beja, no dia 1 de agosto de 2003.

De acordo com os dados oficiais, a onda de calor de julho-agosto 2003, que nas regiões do interior do território de Portugal continental (Norte, Centro e parte da região Sul) variou entre 16 e 17 dias, tendo sido a onda de calor com maior duração alguma vez registada no nosso país, desde 1941.

As cúpulas térmicas também se aproximaram do nosso país em agosto de 2021 com temperaturas iguais ou acima dos 45 °C, não só cá, como também em Espanha, sul de França, Grécia e Marrocos. Aliás, no mês anterior (julho 2021), outra cúpula térmica ocorrera no Canadá, com temperaturas próximas dos 50 °C em Vancouver, uma absoluta estreia destes valores térmicos nesta região.

Em última análise, Portugal não é imune a este tipo de episódios. Com o aquecimento global, as circulações atmosféricas são cada vez mais amplificadas, levando a ondas de calor de longa duração. Todas as projeções climáticas mostram que as ondas de calor serão tanto mais numerosas como mais longas nas próximas décadas. Daí a necessidade urgente de agir para limitar o aquecimento global e de nos adaptarmos agora a estas grandes mudanças.