Sabe o que significa precipitação? E o que distingue chuva de aguaceiro?

Sendo um elemento climático essencial à vida nas suas diversas formas, a precipitação é também responsável por prejuízos enormes a nível global. Neste artigo explicaremos o que é precipitação e a diferença entre chuva e aguaceiro.

chuva; aguaceiro; precipitação
Numa previsão do tempo a precipitação pode ser muitas vezes mencionada como chuva, aguaceiro ou então chuva e aguaceiros. O que distingue, afinal, uma forma de precipitação da outra?

O nome precipitação é atribuído ao conjunto total de partículas de água em estado líquido, sólido ou em ambos, que caem da atmosfera - que se “precipitam”, portanto - e que atingem a superfície do globo terrestre. A precipitação pode assumir várias e distintas formas, tais como a chuva (estado líquido), a neve e o granizo (ambos sólidos).

Quando os meteorologistas e homens ou mulheres do tempo lançam uma previsão do tempo, por vezes fazem referência à palavra “chuva” e noutras ocasiões mencionam a palavra “aguaceiros”. Também há momentos em que surgem ambas as indicações: “chuva ou aguaceiros”.

Qual é, portanto, o objetivo dos profissionais do tempo quando recorrem à transmissão destas expressões? Como se distinguem?

A chuva é contínua, o aguaceiro começa e termina de forma brusca e apresenta variações rápidas de intensidade

Em primeiro lugar, e de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a chuva é a “ precipitação mais ou menos contínua de gotas de água de dimensões inferiores às dos aguaceiros”, ao passo que os aguaceiros “caracterizam-se por começarem e terminarem bruscamente e por variações grandes e rápidas de intensidade da precipitação”.

Refira-se ainda que os aguaceiros podem assumir várias formas: de chuva, neve, neve molhada, neve rolada, granizo e saraiva. Não obstante, quando os meteorologistas indicam apenas a palavra “aguaceiros”, aquilo que é suposto transmitir é que são aguaceiros de chuva.

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Mais pormenorizadamente, a chuva é a precipitação de partículas de água em estado líquido. Ao caírem do céu, assumem a forma de gotas que possuem um diâmetro, em geral, superior a 0,5 mm. Atinge velocidade superior a 3 m/s (mais do que 10 km/h) e, normalmente, de maneira bem uniforme.

Este tipo de precipitação, sob a forma de chuva e que cai uniforme, regular e muitas vezes continuamente, é, em Portugal continental associada às frentes ou depressões atlânticas que surgem, na maioria dos casos durantes os meses de outono e inverno. Já o aguaceiro, sendo um período de chuva, apenas se distingue desta por começar e acabar bruscamente, muitas vezes com rápidas variações rápidas de intensidade e com uma rápida alternância do céu, dando origem a períodos de nuvens, sol e/ou aguaceiros - o chamado tempo variável ou variabilidade meteorológica.

Se a previsão efetuada pelo meteorologista ou homem ou mulher do tempo apontar para a possibilidade da precipitação se prolongar de forma uniforme, numa determinada área, caindo de maneira regular e relativamente contínua durante um determinado período de tempo, aquilo que se prevê é “chuva”.

Mas quando a previsão sugere uma grande alternância, no que toca ao ponto de vista espacial - de local para local (depressões isoladas em altitude ou gotas frias são tipologias de baixas pressões às quais está muito associada esta grande alternância espacial da precipitação sob a forma de aguaceiro) - e no que toca ao ponto de vista temporal para um mesmo local, em que o céu, povoado com muitas nuvens e precipitação, alterna com períodos de céu pouco nublado ou limpo, então nesta situação meteorológica, o termo adequado e correto a ser utilizado é “aguaceiro”.

A precipitação intensa enquanto risco climático: intensidade e duração

Os aguaceiros ou a chuva podem, por vezes, assumir um carácter torrencial, despejando-se, por vezes, para áreas que padecem de seca há vários meses. Mas, apesar da necessidade de água, esta torrencialidade é mais prejudicial do que benéfica para os solos (a grande quantidade de água num reduzido período de tempo não permite aos solos uma adequada retenção e absorção da água, constituindo aqui um problema que a longo prazo pode afetar a agricultura e o sistema alimentar) de regiões como o Alentejo e o Algarve - cronicamente afetadas pela seca, em Portugal continental.

Neste sentido, é importante perceber que a precipitação - seja sob a forma de chuva ou aguaceiros - deve ser encarada não apenas como um elemento climático essencial à vida, mas também como um risco climático, na medida em que a sua intensidade e a sua duração são fulcrais para a perceção de risco da sua ocorrência num dado local, num dado momento.

Assim, de acordo com os climatologistas, a “intensidade de precipitação define-se como a quantidade de precipitação caída num determinado período de tempo e é uma das mais importantes características para a caracterização dos riscos relacionados com a precipitação”.

Outra importante característica é a duração. Quando um episódio de precipitação é muito longo, independentemente da quantidade pluviométrica que acarreta, pode desencadear uma situação em que os aquíferos ficam excessivamente cheios, provocar uma diminuição na capacidade de infiltração e, por conseguinte, levar à saturação. Daqui podem resultar enormes perdas e danos, especialmente em áreas historicamente vulneráveis à ocorrência de cheias e inundações.